tag:blogger.com,1999:blog-189593692024-03-19T12:55:57.744+00:00J.logA little bit of everything e um pouco de tudoJoão http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.comBlogger44125tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-37043366172493345452012-10-17T22:49:00.003+01:002012-10-18T13:47:57.097+01:00Escupimos en su alimento<div style="text-align: justify;">
Já vai quase um ano desde que cheguei à Alemanha. Por esta altura já estou habituado ao modo de vida, a linguagem vai ficando cada vez melhor, os hábitos dos alemães já deixaram de ser estranhos para mim. No entanto há ainda uma coisa, uma pequena coisa à qual ainda não me consegui habituar. O conceito da gorjeta.<br />
<br />
Como português que sou, não estou habituado a dar gorjeta. Com a excepção dos restaurantes finos, nós quase nunca pagamos mais do que o que vem na conta, e quando o fazemos, é só para dar uns trocos ou arredondar a conta. Se pagarmos com cartão, é quase certo que não iremos deixar gorjeta. Em cafés e bares não nos passaria pela cabeça dar gorjeta ao empregado. E porque o haveríamos de fazer? Nós já estamos a pagar pelo serviço completo. Assumimos que os preços da comida e bebidas que vêm na conta já foram aumentados para ter em conta o serviço. Porque esperariam eles que pagássemos ainda mais que isso?<br />
<br />
Bem, as coisas são diferentes aqui. Aparentemente, o serviço não está incluído na conta. Por isso se se sentarem à mesa e alguém vier servi-los, devem dar gorjeta. <b>Devem</b>. É que, o meu problema não é o facto de quererem deixar gorjeta, aí tudo bem, acho bem que o façam se se sentirem extremamente satisfeitos com a comida e o serviço e queiram recompensá-los dessa forma. O problema é que aqui eles esperam que nós deixemos gorjeta em qualquer das situações, e provavelmente levarão a mal se não o fizermos. Os alemães dir-vos-ão as três razões pelas quais devem dar gorgeta aos empregados e empregadas de mesa:<br />
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<li><b>Os empregados de mesa ganham apenas o que lhes dão em gorjetas (ou quase)</b> - OK mas, porque é que isso é problema meu? Porque é que eles não podem subir os preços para incluir o serviço, como nós fazemos? Ou então porque é que eles não incluem a gorgeta na conta? (os italianos fazem isto, chamam-lhe o <i>coperto</i>.) Ao fazerem o que fazem, os donos dos bares e restaurantes estão simplesmente a dizer-nos que não é problema deles pagar aos empregados, é nosso. Se nós não dermos gorjeta, eles não recebem, e nós ficamos com a consciência pesada. Além disso, estão também a baixar artificialmente os preços porque acabamos por pagar sempre mais do que o que está na conta (por exemplo, a conta diz 25€ mas acabamos por pagar 28€).</li>
<li><b>A gorjeta é uma forma de avaliar o serviço</b> - mas será assim um trabalho tão difícil? É levar comida e bebidas às pessoas! Claro que a grande maioria dos empregados fará um trabalho aceitável. Sim, alguns poderão ter um desempenho excelente e merecer uma gorjeta maior, mas eu não tenho nada contra isso como já referi. Por outro lado, se o serviço foi assim tão terrível, não seria melhor dizer-lhes o que aconteceu ou fazer uma reclamação por escrito em vez de simplesmente ir-se embora sem deixar gorjeta?</li>
<li><b>Se nunca derem gorjeta, eles começam a cuspir na vossa comida</b> - ou a fazer qualquer outra coisa desagradável com ela. Esta faz-me logo lembrar os arrumadores de carro em Portugal, que vos furam o pneu do carro se não lhes derem a moedinha. No fundo é uma coisa tipo Mafia, em que têm de lhes pagar para eles vos protegerem deles próprios. E eu tenho de os tratar como mafiosos porque me trazem comida e bebidas?! Está tudo doido?</li>
</ul>
Bem, pelo menos não estou nem perto dos Estados Unidos, onde a gorjeta é praticamente obrigatória e é quase 20% da conta. E aqueles sítios onde a gorjeta é incluída mas eles esperam que deixemos uma gorjeta adicional além dessa? O Sr. Larry David saberá explicar melhor que eu:<br />
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<iframe allowfullscreen="allowfullscreen" frameborder="0" height="360" src="http://www.youtube.com/embed/W4f7KiiB6dM?rel=0" width="640"></iframe></div>
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Sabem, eu pessoalmente também protesto contra a matemática. Os alemães têm um sistema, é esperado que se dê de gorjeta o equivalente a 10% da conta. O empregado dir-vos-á quanto é, adicionam 10% a isso, arredondam o resultado para cima e respondem ao empregado dizendo-lhe quanto é que pretendem pagar. Um amigo meu passa quase 10 segundos com as notas na mão a fazer as contas mentalmente para dizer o resultado ao empregado de mesa. Para que é que é isto? Se eles esperam sempre que paguemos 10% a mais que a conta, porque é que não incluem na conta esses 10%? Para mim é tão simples como isso: eles dizem-me quanto é que eu devo pagar, e é isso que eu pago.<br />
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Bem, de qualquer forma, é a sociedade deles, as regras deles, e quando vivemos em sociedade não podemos simplesmente inventar as nossas próprias regras e esperar que elas sejam facilmente aceites pelos outros. Ou nos regemos pelas regras deles ou vamos passar um mau bocado. Durante uns tempos saltei grande parte das gorjetas por causa do meu <a href="http://jotalog.blogspot.de/2012/06/carteira-do-george.html" target="_blank">problema com os números alemães</a> (como nunca chegava a perceber ao certo quanto era a conta, quando chegava a parte de eu lhes dizer quanto é que eu queria pagar simplesmente ficava calado e entregava o dinheiro, o que para eles quer dizer que eu não quero dar gorjeta), mas comecei a levar a coisa a sério depois de um primeiro encontro correr terrivelmente mal porque eu não dei gorjeta à empregada. A rapariga do encontro ficou chocada com a minha falta de educação, deu-me um sermão sobre a maneira de se dar gorjeta, não aceitou nenhuma das minhas desculpas e desde então nunca mais falou comigo.<br />
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Portanto agora porto-me bem mas estou sempre a pensar se devo dar gorjeta a esta ou àquela pessoa. Por exemplo, devo dar gorjeta à empregada que me traz apenas café? A taxistas? À cabeleireira que me corta o cabelo? E porque é que não dou gorjeta à caixa do supermercado? Ao carteiro por me entregar aquela encomenda que eu tanto esperava? Ao condutor do autocarro por me transportar? À menina da loja que me ajuda a escolher a roupa? Ao senhor do quiosque por me vender o jornal? Ao rapaz que me põe gasolina no carro na estação de serviço? Porque é que dou gorjeta ao empregado de mesa mas não ao cozinheiro? Raios, porque é que <b>eu</b> não recebo uma gorjeta pelo trabalho que faço? Se vamos começar a distribuir gorjetas, por que raio são os empregados de mesa os únicos que as merecem?<br />
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P.S.: O título deste artigo é uma referência ao filme Anchorman (em Portugal: "O Repórter: A Lenda de Ron Burgundy"). A meio deste filme aparece um restaurante mexicano, chamado "Escupimos em su alimento" segundo o letreiro. Acho que não preciso de traduzir para português, pois não?<br />
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<span style="font-size: x-small;">(<a href="http://jotalog2.blogspot.de/2012/10/escupimos-en-su-alimento.html" target="_blank">english version</a>)</span></div>
João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-70544018583082055812012-06-21T09:47:00.003+01:002012-06-21T09:47:56.914+01:00A carteira do George<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">Este é o aspecto actual da minha carteira:</span></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbqcfERBebHdJUzpwHncJ_UVZDPegGj3eLd7tXNz9NSNMjUnvNrWVw0foCy6a8HRs7RnMfS2yZk5tq-qkVuD2LQrjD3kJc-p2LXXljN8LtLItZPItp2inZrKu6tdWvNaaarN5Mcg/s1600/2012-06-17+18.44.01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbqcfERBebHdJUzpwHncJ_UVZDPegGj3eLd7tXNz9NSNMjUnvNrWVw0foCy6a8HRs7RnMfS2yZk5tq-qkVuD2LQrjD3kJc-p2LXXljN8LtLItZPItp2inZrKu6tdWvNaaarN5Mcg/s320/2012-06-17+18.44.01.jpg" width="320" /></a></div>
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A minha carteira está a um passo de se tornar <a href="http://www.youtube.com/watch?v=yoPf98i8A0g" target="_blank">a carteira do George</a>, da série Seinfeld, uma carteira tão grossa que impedia o próprio George de se sentar direito quando ele a punha no bolso de trás das calças.</div>
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Vale a pena dizer, porém, que o meu problema não é igual ao do George. Ele tinha a carteira naquele estado porque açambarcava todo o tipo de papelinhos, recibos, cartões de contacto, números de telefone escritos em guardanapos, porque nunca se sabia quando algum deles seria preciso. Eu, embora tenha a mesma mania de açambarcar todos os papéis, faço uma limpeza periódica dos mesmos, deixando apenas os dois ou três que são realmente importantes. O meu problema é outro: <b>moedas a mais</b>.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAL9oGH0rxWwuGiighDVNef-BR1092J7H2JlgElIebkGUOzxYdGQaI-yPSx9KlP4cmnfC9OAOZZivZHXk2NTCAbtGuafxr14O66hZAggnue4ZcbNb6YafZhGLSAK44-WGDhhrItA/s1600/2012-06-17+18.48.08.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAL9oGH0rxWwuGiighDVNef-BR1092J7H2JlgElIebkGUOzxYdGQaI-yPSx9KlP4cmnfC9OAOZZivZHXk2NTCAbtGuafxr14O66hZAggnue4ZcbNb6YafZhGLSAK44-WGDhhrItA/s320/2012-06-17+18.48.08.jpg" width="320" /></a></div>
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Estas são as moedas que encontrei na minha carteira. Note-se a quantidade exorbitante das chamadas moedas "pretas", de 5, 2 e 1 cêntimos, principalmente destas últimas. Há uma explicação para isto. Aliás, há duas explicações. A primeira é que não deito moedas fora (como fazem alguns dos meus colegas alemães). A segunda é que não as consigo dar como troco.</div>
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Na minha terra natal não teria problemas. Aparte a trabalheira de ter que procurar as moedas na carteira (ainda mais as pequenas, que são as mais difíceis de apanhar), não me custa fazê-lo para entregar a conta certa. Na Alemanha, porém, é diferente. Dizem-me que a conta total é <i>dreizehn, drei und fünfzig</i>, e eu fico completamente baralhado, mesmo sabendo que isso traduzido à letra é <i>treze, três e cinquenta</i>. Resultado: uma nota de 20 para pagar 13,53 €. Resultado: mais moedas. Repitam isto para cada transacção que eu faço e facilmente perceberão o estado actual da minha carteira.</div>
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Não é que eu já não saiba contar em alemão. É que, com a maneira como eles dizem os números (trocando as unidades com as dezenas e mantendo as centenas e milhares), de cada vez que dizem <i>sieben und neunzig</i> tenho de pedir para repetir e pensar três vezes antes de perceber se estão a falar de 79 ou de 97. Pior ainda é quando adicionam as centenas, <i>hundert neun und vierzig</i> (149) e depois os cêntimos de euro, <i>hundert neun und vierzig, neun und neunzig</i> (149,99). Uma confusão!</div>
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E para alimentar ainda mais a confusão, contaram-me há pouco tempo que os alemães estão tão habituados a trocar as dezenas com as unidades que por vezes também as trocam a traduzir para inglês! Por isso estejam atentos e não se admirem se forem pagar uma conta de 25 euros e vos pedirem <i>fifty two euros</i> em vez de <i>twenty five</i>. É que os alemães podem enganar-se ao tentar traduzir <i>fünf und zwanzig </i>para <i>five and twenty</i>.</div>
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Bónus. O número 6 escreve-se <i>sechs</i> em alemão mas lê-se <i>zex</i> e não <i>sex</i>. Apercebi-me disto um pouco tarde demais: o resultado foi que no restaurante quis pedir o prato número 6 e em vez de dizer <i>ich will sechs</i> (eu quero o seis) acabei por dizer à empregada <i>ich will sex</i> (eu quero sexo). Não sei porquê, ainda hoje os meus colegas alemães fazem questão de me lembrar dessa história e de rir às gargalhadas à minha custa...</div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-43679813827478730702012-06-07T22:58:00.002+01:002012-06-07T23:08:44.314+01:00Patos e assistentes do House<div style="text-align: justify;">
Não é comum eu falar de trabalho neste blog, mas é o que vou fazer hoje. Embora este tipo de situação possa igualmente acontecer fora do trabalho. É algo que experienciamos frequentemente na nossa rotina diária. E embora tenha descoberto estas duas técnicas através de blogs de programação, elas podem ser aplicadas em qualquer tipo de profissão.<br />
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Suponha que tem uma mente brilhante. Ná, estou a brincar, claro que não é preciso supor. Você já tem uma mente brilhante. Mas todos sabemos como as nossas mentes brilhantes se distraem por vezes, ou ficam demasiado concentradas, e volta e meia descobrimos de repente que temos o mais simples dos problemas e não conseguimos resolvê-lo. Lembra-se de como isso o irrita?</div>
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A forma mais fácil de resolver isto é procurar uma mente mais brilhante que a sua e pedir a sua ajuda. Problema resolvido. Só que, às vezes não é assim tão fácil encontrar essa pessoa. Essa pessoa pode não existir (se você já for a mente mais brilhante na sua área de especialização); ela pode existir mas estar inacessível; ela pode estar acessível mas ser também um idiota que não gosta de ajudar os outros; ela pode não ser um idiota mas estar farta de idiotas como você que a fazem perder o seu tempo com perguntas de jardim-escola. Seja qual for o caso, não há ninguém a quem possa imediatamente pedir ajuda. Mas ainda não está completamente tramado. Há mais duas coisas que ainda pode tentar, e que eu vou mostrar a seguir.</div>
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<h3>
1. Pergunte ao pato</h3>
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"Perguntar ao pato" é apenas um dos termos que eu escolhi para descrever esta solução. Outros poderão chamar-lhe <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Rubber_duck_debugging" target="_blank">Depuração por Pato de Borracha</a> ou <a href="http://www.codinghorror.com/blog/2012/03/rubber-duck-problem-solving.html" target="_blank">Resolução de Problemas por Pato de Borracha</a>. Este método já existe pelo menos desde 2002, mas foi a partir de uma história mais recente que pude compreendê-lo e aclamá-lo como uma excelente solução para os mais variados problemas. Nesta história, o chefe de um jovem <i>designer</i> que está farto de ouvir sempre as mesmas perguntas fáceis encontra uma forma original de se livrar do problema:</div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;">Bob apontou para um canto do escritório. "Naquele canto," disse ele, "está um pato empalhado. Eu quero que faça a sua pergunta a esse pato."</span></div>
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvSw00K6ep8xIEK8d5a19_VaT_93qhcWs_IuC7U3ZuMOZAwyciXxnjntdlUoYTzGOaEzGOlO70f4GqVC_XdEscJesjqqIXB2Svd3Hn6C_2vP4QXW1Tdxn-9rf8OMoDSVM8AemSpA/s1600/duckedit.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvSw00K6ep8xIEK8d5a19_VaT_93qhcWs_IuC7U3ZuMOZAwyciXxnjntdlUoYTzGOaEzGOlO70f4GqVC_XdEscJesjqqIXB2Svd3Hn6C_2vP4QXW1Tdxn-9rf8OMoDSVM8AemSpA/s200/duckedit.jpg" width="198" /></a>Olhei para o pato. Estava, efectivamente, empalhado, e definitivamente morto. Mesmo que não estivesse morto, não seria provavelmente uma boa fonte de informação sobre <i>design</i>. Olhei para o Bob. O Bob estava sério. Ele era também o meu superior, e eu queria manter o meu emprego.</span></div>
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;">Desajeitadamente, pus-me ao lado do pato e inclinei a cabeça, como que a rezar, para comunicar com o pato. "O que é que está a fazer?", perguntou o Bob.</span></div>
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;">"Estou a fazer a pergunta ao pato", disse eu.</span></div>
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;">Um dos superiores do Bob estava no escritório. Sorria como um sacana, de volta do seu palito. "Andy", disse Bob, "eu não quero que reze para o pato. Eu quero que FAÇA AO PATO A SUA PERGUNTA."</span></div>
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;">Mordi o lábio. "Em voz alta?", disse.</span></div>
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;">"Em voz alta," disse Bob com firmeza.</span></div>
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;">Pigarreei um pouco antes de começar. "Pato," disse.</span></div>
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;">"Ele chama-se Bob Junior", interveio o superior do Bob. Mandei-lhe um olhar fulminante.</span></div>
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;">"Pato," continuei, "preciso de saber, quando se usa um suporte de correia, o que é que impede o tubo do aspersor de saltar fora da correia quando a cabeça descarrega, fazendo com que o tubo..."</span></div>
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;">Estava eu no meio da pergunta quando, </span><span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;">de repente,</span><span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;"> a resposta me veio à cabeça. O suporte de correia está suspenso da estrutura acima por uma haste roscada. Se a junção do tubo cortar a haste de forma a que ela fique junto ao topo do tubo, ela vai essencialmente segurar o tubo no suporte e impedi-lo de sair. </span></div>
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;">Virei-me para olhar para o Bob. O Bob acenava. "Já sabes o que é, não sabes?", disse ele.</span></div>
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;">"Coloca-se a haste roscada no topo do tubo," disse eu.</span></div>
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;">"Está certo," disse o Bob. "Da próxima vez que tiver uma questão, quero que venha aqui e pergunte ao pato, não a mim. Faça a pergunta em voz alta. Se depois continuar a não saber a resposta, nesse caso pode perguntar-me a mim."</span></div>
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14.166666030883789px; line-height: 15.833333015441895px; text-align: left;"></span></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
Aconselho-o a ver <a href="http://hwrnmnbsol.livejournal.com/148664.html" target="_blank">o artigo original</a> (em inglês) para saber a história completa.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A ideia por detrás disto é que o simples facto de <b>colocar o seu problema na forma de uma pergunta</b> ajuda-o a solucioná-lo. Antes de colocar o seu problema a alguém, ele faz sentido na sua mente. No entanto, quando tenta estruturá-lo na forma de uma pergunta irá verificar que é mais difícil fazê-lo do que pensava. Na tentativa de dar a volta à questão para a tornar mais clara, apercebe-se subitamente que está a olhar para o problema da forma errada. A solução surge facilmente logo a seguir.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
Já experimentei usar a solução "perguntar ao pato" inúmeras vezes. Não que eu tenha mesmo um pato de borracha, ou empalhado, mas isto pode-se fazer com qualquer coisa. O autor original da história acima usou mais tarde uma fotografia de Newt Gingrich. E você pode também usar a sua mascote favorita, ou mesmo nenhuma. Eu, pessoalmente, prefiro usar o email em vez do chat (e às vezes até de falar pessoalmente) para colocar as minhas questões. 40% das vezes acabo por não enviar o email porque achei a solução enquanto escrevia a pergunta. E quando os meus colegas me fazem perguntas pelo chat, por vezes peço-lhes para esperarem 5 minutos antes de eu responder. Após 2 minutos recebo outra mensagem a dizer "Esquece, já resolvi o problema sozinho". (e nessa altura, respondo "Estás a ver? Fiz com que perguntasses ao pato!")<br />
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<h3>
2. Pergunte a um assistente do House</h3>
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<br /></div>
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Os patos podem por si só resolver alguns dos seus problemas. Mas às vezes perguntar ao pato não chega. Eles estão sempre tão... <i>sossegados</i>. Às vezes é necessário um pouco de <i>feedback</i>, e se precisar de <i>feedback</i>, então precisa de um assistente do House.</div>
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Eu inventei o termo "assistente do House" por causa da série Dr. House (House M.D.). Se já viu mais que um ou dois episódios da série, então já sabe provavelmente que é sempre o próprio House que descobre a doença que o doente tem no final do episódio. Então para que é que ele precisa de três assistentes?</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP150_Tvy99y_ETzSv8lGgxYRSDfb9sQJK0k2Q9b9FLkmMAz1ufpu73ADIoHP-GgyKfCWJ4Bbskpc0KUP0syGeBcTZqJQbdQqazZ8IsLOar7ISbKm7aMo5nO7sSB24ZUCs9mK6Jw/s1600/House-Cast-house-md-35149_1152_864.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP150_Tvy99y_ETzSv8lGgxYRSDfb9sQJK0k2Q9b9FLkmMAz1ufpu73ADIoHP-GgyKfCWJ4Bbskpc0KUP0syGeBcTZqJQbdQqazZ8IsLOar7ISbKm7aMo5nO7sSB24ZUCs9mK6Jw/s320/House-Cast-house-md-35149_1152_864.jpg" width="320" /></a>Bem, o próprio House, o personagem, disse-o já algumas vezes, ele precisa de ter assistentes. Ele precisa das sessões de <i>brainstorming</i> que eles fazem na tentativa de resolver o problema do paciente. Ele precisa de alguém que fale com ele, que lhe responda, porque é no meio dessa conversa que a solução aparece, como por magia.</div>
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Um dos meus episódios favoritos do Dr. House acontece quando ele está dentro de um avião com um homem que tem uma potencial doença contagiosa. Uma vez que ele não tem acesso aos seus assistentes, ele escolhe três passageiros do avião completamente ao calhas para conversar com ele sobre o assunto. Mesmo não sabendo nada de medicina, os passageiros ajudam-no a descobrir o que o paciente realmente tem.</div>
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<br /></div>
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Portanto, se precisar de ajuda com o seu problema, só precisa de pedir ajuda a um assistente do House. O seu assistente do House pode ser <i>qualquer outra pessoa</i>: ela não precisa de perceber daquilo em que está a trabalhar; se calhar até é melhor que não perceba. Explique o seu problema de maneira a que ela possa entender (uma forma de <i>perguntar ao pato</i>), e depois deixe-a conversar consigo sobre o assunto e sugerir soluções, por mais descabidas que sejam. Um assistente do House <b>dá-lhe uma nova perspectiva</b> do seu problema, ainda que lhe pareça a ele que só está a dizer coisas sem sentido. Ficará espantado com a rapidez com que a solução aparecerá depois de falar com um assistente do House, especialmente se antes tinha passado horas a remoer sozinho no assunto.</div>
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Eu pessoalmente não tenho muita experiência em usar assistentes do House, mas já me pediram para me tornar num deles. No fim, o meu colega agradece-me entusiasticamente por lhe resolver o problema, ainda que eu fique com a sensação que não fiz grande coisa. Só disse umas baboseiras ao calhas e de repente o problema estava resolvido sem eu saber. Portanto, se alguma vez lhe pedirem para ser um assistente do House, deve saber que vai-lhe parecer um bocado esquisito, mas é mesmo assim que funciona.</div>
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Problema resolvido.<br />
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<span style="font-size: x-small;">(</span><a href="http://jotalog2.blogspot.com/2012/06/ducks-and-house-assistants.html" style="font-size: small;" target="_blank">english version</a><span style="font-size: x-small;">)</span></div>
</div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-73000924986959294862012-02-11T16:44:00.001+00:002012-02-12T10:22:54.899+00:00Poderoso te tornaste, o lado negro sinto em ti<div style="text-align: justify;">
Podem não perceber pelo título, mas este artigo também é sobre a língua alemã. Continua a ser a coisa mais estranha que tenho experimentado por aqui, e por isso a mais fascinante. Como dizemos em Portugal, para falar alemão basta pôr uma batata quente na boca (curiosamente, os alemães dizem para fazer isso para falar espanhol). Sim, talvez possam fazer isso e soar como os alemães, mas nenhum alemão irá percebê-los, né?<br />
<br />
Então porque estou eu a citar o Mestre Jedi Yoda? Porque, ainda que a lenda diga que ele nasceu num planeta desconhecido mas distante, eu acredito plenamente que o Mestre Yoda era alemão. Sim, este é o planeta, este é o país onde o Yoda aprendeu a falar. Porque se há gente que consegue pôr uma frase inteira de pernas para baixo (ou de trás para a frente, para ser mais correto), são os Alemães. Eles trocam tudo: trocam o sujeito com o verbo, o sujeito com o objecto, o objecto com o seu pronome... Eles até trocam as unidades com as dezenas ao dizer os números, mas depois dizem as centenas e os milhares na ordem correcta (quer dizer... para quê???)<br />
<br />
Se ainda não perceberam o que eu quero dizer, proponho-me a fazer um pequeno exercício: vou tentar contar-vos aqui uma das minhas histórias em português, mas com a ordem das frases em alemão. OK, aqui vai:<br />
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Portanto, quando me deram o meu contrato de apartamento, disseram eles a mim que eu tinha que no <i>Burgeramt</i> da minha cidade me registar. Avisaram-me que provavelmente não havia ninguém lá que inglês falasse, por isso pedi eu a um dos meus colegas germanófonos para comigo no Sábado seguinte ir. No entanto, quando ele descobriu que aos Sábados o sítio só de manhã aberto estava, me tentou logo convencer a para um dia da semana adiar, porque ele nos Sábados de manhã que dormir tinha.<br />
<br />
O Sábado de manhã chegou, e de repente vi-me no número três e vinte da <i>Schulgasse</i>, o sítio do <i>Burgeramt</i>. Pensei que talvez pudesse eu a minha sorte tentar e entrei. Quando à senhora que estava ao balcão disse as minhas favoritas palavras em alemão, <i>Sprechen Sie Englisch?</i>, respondeu ela <i>Nein</i>, e eu fiquei um pouco desapontado. Mas depois olhou ela para os meus papéis e perguntou <i>Anmelden</i>? E eu sabia que isso queria dizer "registo" por isso respondi eu <i>Ja</i>. Ela apontou para umas escadas e disse umas coisas incompreensíveis. Já não me preocupei em saber o que ela queria dizer, simplesmente saí e dirigi-me para as escadas.<br />
<br />
Quando as escadas subi, encontrei eu nada. Nem escritórios, nem balcões, nem pessoas. Nessa altura achei eu que era melhor desistir, de qualquer forma não ia conseguir a mim nesse dia registar. Era melhor mais tarde voltar com alguém para ajudar.<br />
<br />
Voltei no Sábado seguinte com um outro colega meu. Ele era alemão, por isso eu sabia que ia conseguir desta vez. Ele falou com a senhora do balcão, ela disse umas coisas outra vez, e nós saímos.<br />
<br />
Dirigíamo-nos para as escadas mais uma vez quando o meu colega de repente parou e sentou-se num sofá que no caminho estava. Ele era o único dos dois que o que estava a fazer sabia, por isso sentei-me eu também. Mas no princípio não estava a perceber, não era suposto a algum lado irmos fazer o registo? E só mais tarde é que de repente percebi: afinal, da primeira vez quando a senhora para as escadas apontou não queria que eu as subisse, queria é que eu me no sofá sentasse e esperasse!<br />
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<span style="font-size: x-small;">(<a href="http://jotalog2.blogspot.com/2012/02/powerful-you-have-become-dark-side-i.html">english version</a>)</span></div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-41625254589457137122011-12-14T23:46:00.000+00:002012-01-31T23:00:45.398+00:00"Tchau" e a constante cosmológica<div style="text-align: justify;">
Para aqueles que ainda não sabem, embarquei numa nova viagem. E devo gostar mesmo muito do Inverno, porque depois de ter estendido o meu Inverno passado indo para o Brasil precisamente quando este começava por lá, desta vez resolvi passar o Inverno num clima ainda mais frio. O clima dos alegados "donos" da Europa, o alemão.<br />
<br />
A cidade de Frankfurt é até bastante agradável, mas a língua alemã é neste momento a principal barreira para mim, que vim para cá sem saber uma palavra da língua. Não porque não me consiga fazer entender se quiser, porque quase toda a gente fala inglês (e não se importam de o falar, ao contrário do que tenho ouvido em alguns mitos urbanos), mas porque eu tenho sempre a mania de querer fazer-me passar por nativo. Como tal, aproveito cada palavrinha de alemão que apanho para a poder utilizar na próxima oportunidade. O problema é que depois de eu dizer <i>Ein Milchkaffee bitte</i> eles respondem com uma data de coisas que eu não consigo entender, e lá tenho eu de pedir para falarem inglês. Enfim, teimosia minha.<br />
<br />
Mas o que é que isto tem a ver com a constante cosmológica? Bem, primeiro tenho de explicar o que isso é. Não querendo entrar em muitos detalhes, mas entrando em alguns, porque não quero que os meus leitores morram burros, a constante cosmológica foi um artefacto criado por Einstein para a sua teoria da relatividade geral, para que esta fosse consistente com um universo estático. No entanto, depois que Edwin Hubble (o que deu o nome ao telescópio) descobriu que o universo estava em permanente expansão, Einstein verificou que não precisava da constante, dizendo mesmo que tinha sido o maior erro da sua carreira. Apesar de tudo, anos mais tarde outros cientistas vieram repescar a constante que afinal sempre era precisa porque o universo expande-se ainda mais depressa do que o previsto. Já chega de ciência por agora, o importante a reter é a definição de constante cosmológica como algo que se criou como certo, mas depois descobriu-se que estava errado, mas depois descobriu-se que afinal estava mesmo certo.<br />
<br />
Vem isto a propósito dos meus primeiros dias na cidade, depois de conhecer os meus novos colegas de trabalho e de me habituar a um ambiente de trabalho anglófono (com o qual não tenho grandes problemas), ao fim da tarde um deles foi-se embora, despediu-se de todos com um <i>Goodbye</i>, e eu atiro-lhe com um <i>Tchau!</i> à portuguesa. Mesmo depois de estar o dia todo a falar inglês, aquilo saiu-me assim.<br />
<br />
Percebi de repente que tinha dito algo que ninguém percebia ali, e de imediato tentei explicar-me, aproveitando a presença de um colega italiano para dizer que o <i>Tchau</i> português era equivalente ao <i>Ciao</i> italiano, embora só o usássemos na despedida. Eles perceberam, e eu fiquei satisfeito por ter corrigido o erro.<br />
<br />
Qual não é o meu espanto quando, no dia seguinte, ouço dois alemães a despedir-se um do outro com <i>Tchau</i>.<br />
<br />
E depois vejo os meus colegas alemães a fazer a mesma coisa. Depois de indagar o que se passava, fiquei a saber que, além do mais formal <i>Auf Wiedersehen</i> e do mais popular <i>Tschüß</i>, os alemães também usam <i>Tschau</i> como forma de despedida. Portanto o <i>Tchau</i> que eu tinha dito à portuguesa afinal também estava correcto como palavra alemã! E por isso o <i>Tchau</i> é a minha constante cosmológica.<br />
<br />
Bónus: apesar de ter aprendido rapidamente termos como <i>Danke</i>, <i>Bitte</i>, e o mais recente <i>Kaputt</i> (por exemplo, "o meu cartão não funciona" - <i>meine Karte ist kaputt</i>), andei um pouco traumatizado nos primeiros tempos por não saber dizer "desculpe" em alemão. Só para conseguir pronunciar <i>Entschuldigen Sie</i> demorei mais de uma semana. Até que um dia uma senhora esbarra comigo no eléctrico e diz <i>Pardon</i>, à francesa, que afinal é uma palavra que os alemães também utilizam. Enfim...<br />
<br />
<span style="font-size: x-small; text-align: left;">(</span><a href="http://jotalog2.blogspot.com/2012/01/tschau-and-cosmological-constant.html" style="font-size: small; text-align: left;">english version</a><span style="font-size: x-small; text-align: left;">)</span></div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-31527051360943199862011-10-27T12:57:00.000+01:002011-11-03T11:57:51.119+00:00Organizas???<div style="text-align: justify;">
Também funciona com "Fazes tu?", "Ficas tu com isso?", "Tratas tu disso?" E no momento em que ouves qualquer uma destas simples perguntas, <b>sabes imediatamente que estás tramado</b>. Começas a pensar em tudo o que disseste até então, e perguntas-te vezes sem conta para que é que foste abrir a boca e como é que foste capaz de cair nesta esparrela.</div>
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Há um lema que persiste em algumas das boas e prósperas empresas de software. Penso que soará melhor dito em inglês: "if you have an idea, you own that idea". <b>Se tu tens uma ideia, és o dono dessa ideia</b>. Ser o dono da ideia significa, por um lado, assumir toda e qualquer responsabilidade pela implementação da ideia. Na verdade, não há pessoa mais indicada para o fazer que o autor, o idealizador da ideia, por isso é lógico que assim seja. Mas por outro lado, atribuir a posse de uma ideia ao seu autor significa também que é ele que colherá os frutos se a ideia for bem sucedida, o que também é justo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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As referidas empresas fazem isso para poder distinguir as ideias sérias e construtivas das ideias vãs e "atiradas para o ar". E assim que um colaborador dessa empresa percebe isso, ele sabe que <b>tem que ter muito cuidado com as ideias que tem</b>. Não basta dizer simplesmente "tem que se fazer isto", "o que se devia fazer era aquilo" e esperar que outra pessoa o faça, porque a qualquer altura pode ser-se chamado a concretizar a ideia que teve. Se a ideia for sólida, implementá-la-á de bom grado; se for vã e sem sustentação, será forçado a admitir publicamente que afinal, não era uma ideia assim tão boa.</div>
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<br /></div>
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Mas nem sempre nos apercebemos que vamos cair na esparrela. Às vezes estamos a falar só por falar, e <b>só nos apercebemos que tivemos uma ideia quando levamos com o "Fazes tu?" em cima</b>. Foi o que aconteceu comigo, numa inocente conversa online com uma antiga colega de curso. Começou com os habituais cumprimentos, "Tudo bem?", "Já não te vejo há muito tempo", "Pois, o último jantar de curso já foi há dois anos", "Ah e tal, temos que reunir o pessoal". O curioso da expressão "temos que reunir o pessoal" é que, apesar de parecer, <b>não é ainda bem uma ideia</b>, é uma expressão suficientemente vaga para que ninguém pense em concretizá-la. Diria mesmo que faz parte do cumprimento. É como dizer "tens de vir cá jantar <i>um dia destes</i>", na verdade toda a gente sabe que isso não quer dizer nada.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E eu, prestes a cair que nem um patinho, respondo com "Devíamos fazer um jantar de Natal em Novembro... Dezembro está sempre atolado com outros jantares...". <b>E tumba! ela atira-me com um "Organizas???" para cima</b>. Veio com tanta força que até me atirou ao chão. E enquanto me levanto estou a pensar: "Mas... o que é que aconteceu aqui? Ela, de repente, atribuiu-me a responsabilidade sobre uma ideia!! Pois claro, estava mesmo a pedi-las... quem me mandou falar em jantares de Natal? Mas... foi ela que disse no início que tínhamos de reunir o pessoal!!!"</div>
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<br /></div>
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É claro que, agora que fui desafiado, não vou dar parte de fraco. Não vou arriscar a que me digam mais tarde que só digo as coisas por dizer. A ideia até é uma boa ideia, é sólida, por isso vai para a frente. <b>O Jantar de Natal do curso está marcado</b>. A data é <b>Sábado, 26 de Novembro</b>, sensivelmente daqui a um mês, o local está pensado mas ainda não combinado, e este artigo do meu blog serve de convite para os participantes. Portanto, se são do curso de Engenharia Química, da Universidade de Coimbra, da classe de 1993 - ou é classe de 1998? Isto conta-se pelo primeiro ano ou pelo último? Bem, não interessa: <b>se tiveram que me aturar como colega de curso, estão convidados!</b></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os convidados receberão mais informações à medida que as coisas se forem planeando. Tanto quanto me lembro é a primeira vez que organizo um evento desta envergadura, mas como disse <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Otto_von_Guericke">Otto von Guericke</a> quando descobriu o vácuo, "não há-de ser nada".</div>
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<br /></div>
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(P.S.: e agora aqui para nós que ninguém nos ouve: e agora o que é que eu faço? falo com o restaurante? mando emails com os convites? tenho que saber a ementa? e os preços? como é que eu sei o número certo de pessoas? alguém me dá uma mãozinha?)</div>
</div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-56333446827069293172011-10-12T00:09:00.000+01:002011-10-19T00:14:10.260+01:00Nem ao menos disseste olá?<div style="text-align: center;">
<object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/KDbN9TZqFcg&hl=pt_PT&fs=1&">
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<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que é que é suposto fazermos ao certo quando vemos alguém que conhecemos na rua ou no supermercado, mas a pessoa em questão não nos vê? Dizemos-lhe olá? Ou não lhe dizemos olá? É sem dúvida mais fácil quando simplesmente esbarramos um no outro, ou então vemo-nos ao longe mas ao mesmo tempo. Nessa altura dizemos olá naturalmente, trocamos beijos e abraços, pomos a conversa em dia. Mas quando vemos uma pessoa que não repara em nós, hesitamos. Vamos lá ter com ela e mostramos-lhe que também estamos aqui? Fingimos que não a vemos e tentamos sair sem sermos vistos? A meu ver existem quatro maneiras de resolver este problema, e vou falar sobre elas a seguir.<br />
<br />
<span style="font-size: large;"><b>1. O Olhar Fixo</b></span><br />
O Olhar Fixo funciona bem quando está sentado em algum lugar, ou simplesmente não estando em movimento. Não funciona bem em andamento, a não ser que ande na mesma direcção da outra pessoa. Além disso é necessário que esteja pelo menos no seu campo de visão. O método é simples: olhar fixamente para a pessoa que se conhece até ela reparar em si. Pode levar algum tempo para que isso aconteça, e entretanto irá observá-la a olhar em todas as direcções possíveis, todos os ângulos possíveis excepto aquele que aponta directamente para si. E vão haver algumas vezes em que ela não repara em si<b> mesmo estando a olhar directamente na sua direcção</b>. Mas, quando (e se) isso finalmente acontece, poderá então dizer olá de longe, ou então fazer a Ida Até Lá. O Olhar Fixo pode ser um pouco difícil se não estiver concentrado: se usar O Olhar Fixo só de vez em quando arrisca o aparecimento do <b>Duplo Olhar Fixo</b>, em que cada pessoa, à vez, tenta chamar a atenção da outra, mas desvia o olhar no preciso momento em que a outra começa a olhar para ela.<br />
<br />
<span style="font-size: large;"><b>2. A Chamada</b></span><br />
A Chamada é a forma mais perigosa das quatro, uma que pode embaraçá-lo irremediavelmente se não a usar correctamente. É melhor se usada perto da outra pessoa e quando O Olhar Fixo não funciona ou não está a funcionar. Na Chamada deve chamar a pessoa pelo seu nome ou de outra forma qualquer. Eu sugiro <b>vivamente</b> que chame a pessoa pelo nome, porque o uso de termos como "Pssssst" ou "Olááááá!" ou "Hei, tu aí!" fará com que <b>toda a gente</b> se vire e olhe para si, <b>excepto a pessoa que está a chamar</b>. E depois, se a pessoa estiver muito longe de si ou houver muito barulho, acabará por chamá-la vezes sem conta, sem qualquer sucesso que não o de alertar toda a gente à sua volta; nesses casos, o melhor é tentar a Ida Até Lá ou a Fuga De Mansinho.<br />
<br />
<span style="font-size: large;"><b>3. A Ida Até Lá</b></span><br />
A Ida Até Lá é para ser usada quando tudo o resto falha. É 100% eficaz, mas pode ser um bocadinho complicada porque é necessário ir até onde a pessoa está e chamar-lhe a atenção, ou tocando-lhe ou fazendo A Chamada. Nem sempre é possível ir para junto da outra pessoa, talvez não possa deixar as suas coisas sem ninguém para olhar por elas, ou não possa deixar o seu grupo de amigos. Há poucos dias encontrei um colega meu numa escada rolante, comigo a ir para baixo e ele a ir para cima; se fizesse a Ida Até Lá naquele sítio, seria o caos! Mas se tem oportunidade de ir até junto da pessoa, óptimo! Irá com certeza, definitivamente fazer com que ela repare em si. Mas primeiro deve perguntar-se a si próprio, <b>será que ela merece</b> uma Ida Até Lá?<br />
<br />
<span style="font-size: large;"><b>4. A Fuga De Mansinho</b></span><br />
Sim, você pode fazer essa escolha. Pode escolher ignorar e ir-se embora. Mas A Fuga De Mansinho não é apenas sobre ir-se embora. É que agora que decidiu que não se vai mostrar à outra pessoa, vai ter de se assegurar que a outra pessoa não o vê. Mais importante ainda, <b>tem que se assegurar que ela não repare que você reparou nela! </b>Porque se ela o fizer, vai notar também que está a tentar evitá-la. É por isso que é uma Fuga De Mansinho e não uma ida embora. <span style="background-color: transparent;">Se conseguir fugir em segurança, A Fuga De Mansinho dar-lhe-á automaticamente uma breve consciência pesada e a incapacidade de contar aos outros quem viu nesse dia, porque se isso chega aos ouvidos da pessoa em questão, ela vai-lhe perguntar porque é que nem ao menos disse olá. Mas não se preocupe, vai correr tudo bem.</span><br />
<br />
Poderá usar qualquer uma destas quatro formas dependendo da situação, mas eu acredito que uma pessoa pode ser definida pela forma que usa mais frequentemente. Diga lá então, <b>que tipo de pessoa é</b>?<br />
<br />
<span style="font-size: x-small;">(</span><a href="http://jotalog2.blogspot.com/2011/10/you-didnt-say-hello.html" style="font-size: small;">versão inglesa</a><span style="font-size: x-small;">)</span></div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-51432641772962114622011-09-26T20:32:00.002+01:002011-09-26T22:35:55.712+01:00Fazem fazem fazem... mas não os vejo a fazer nada<div style="text-align: justify;">
<b>O verbo fazer é um dos mais importantes na vida humana.</b> Aquilo que nos define como indivíduos é o que fazemos: perguntar "o que é que tu fazes?" a uma pessoa com o objectivo de a conhecer é tão natural como beber água. Se alguém pura e simplesmente não faz nada, então é olhada com um misto de pena e decepção (o olhar do "coitadinho") pelo resto da sociedade, ou pelo menos pela parte da sociedade que se preocupa com isso. O stress, essa doença tão moderna, tem origem no simplesmente no facto de se querer (ou ser obrigado a) fazer mais do que é possível. Em suma, andamos todos a fazer alguma coisa.<br />
<br />
Porém, talvez devido a essa obsessão com o fazer, acabamos por dizer que <b>fazemos coisas que nunca deviam ser feitas</b>. E aqui, tenho que dizê-lo, desculpem se ferir susceptibilidades mas isto é mesmo assim, <b>a culpa é dos franceses</b>. Boa parte da culpa. Um bocadinho da culpa. Se há duas coisas que os franceses gostam de fazer é de jogar instrumentos musicais (jogar piano, jogar guitarra, jogar saxofone...) e de <b>fazer coisas como atenção e cuidado</b>. Depois claro que os nossos emigrantes trazem os termos para cá, mas a culpa não é deles, se os franceses quisessem "avoir attention" em vez de "faire attention", os emigrantes também não vinham fazer atenção para cá.<br />
<br />
É que <b>fazer significa fabricar, construir</b>. E, mais importante que tudo, fazer significa que somos nós que o fazemos, não é outro qualquer. E <b>ter é possuir, é chamar seu</b> a uma determinada coisa. Se eu tenho algo não implica necessariamente que o fiz, posso tê-lo recebido de outra pessoa ou entidade. Ora, <b>o cuidado não se fabrica. Ou se tem ou não se tem</b>. Quem tem cuidado age de acordo com o cuidado que tem. Não perde tempo a fazer cuidado antes de agir.<br />
<br />
Segundo ponto em questão: <b>fazer doenças</b>. Aparentemente alguns de nós acham-se narcisistas o suficiente para pensar que são eles próprios que fazem gripes, congestões, pé de atleta, pneumonias, depressões, sei lá, SIDA e mais não sei quê. Depois chegam ao pé de nós e dizem <b>"não andes à chuva que ainda fazes uma constipação!"</b> Esquecem-se que as constipações são feitas por uns bonequinhos pequeninos chamados <b>vírus</b>, são eles que<b> fazem a doença e depois oferecem-nos</b> a dita cuja, passando nós a tê-la. É muito feio tomar crédito de algo que não fomos nós que fizemos, não é?<br />
<br />
O que nos leva aonde eu queria chegar no fundo, ao terceiro e mais importante ponto da história: <b>fazer amor</b>. Ou, como eu gosto especialmente de dizer, <b>fazer o amor</b>. Meus amigos, aparentemente o amor faz-se. Fabrica-se. Constrói-se. E perguntam vocês <b>como é que se faz o amor? Tem-se sexo.</b> Ora bem, em Portugal argumenta-se que o sexo também se faz, mas tomo aqui a posição dos nossos amigos anglófonos, com a sua dicotomia <i>make love / have sex</i>. Por isso é que nos filmes americanos eles demoram tanto tempo para dizer "<i>I love you</i>". Porque é assim: primeiro apaixonam-se, mas é só paixão, não há amor ainda. Depois passam uns tempos a fazer amor, fazem, fazem, fazem até terem os dois uma grande pilha de amor para dar e vender. E só depois é que realmente dizem que amam o outro. O problema é que quando um deles diz o temível "<i>I love you</i>" e o outro acha que ainda não o ama o suficiente. É porque o primeiro fez mais amor que o segundo. Provavelmente sozinho.<br />
<br />
Mas continuo a não conseguir entender porque é que o amor se faz e o sexo se tem. Bem, podemos argumentar que <b>sexo já o temos mesmo, cada um de nós tem um</b>, a questão é que efectivamente fazemos alguma coisa com eles. Segundo a mesma lógica, se quiséssemos dar a mão podíamos dizer "vamos ter mão" e <b>se quiséssemos beijar-nos podíamos dizer "vamos ter boca"</b>. Esta fica sem perceber, quem souber a resposta que responda. Outra pergunta que tem que ser feita é: <b>porque é que duas pessoas que se amam fazem amor</b>. Para quê? Já não fizeram amor suficiente para se amar um ao outro? E depois o que é que fazem ao amor em excesso? É que depois andam por aí impregnados de amor a dar beijos e a fazer avanços em público, e a certa altura ninguém pode estar ao pé deles de tão melados que estão. <b>Fazem amor a mais, e depois não têm onde o meter.</b> Olhem, a melhor solução é varrer para debaixo do tapete, que é como quem diz escondê-lo dentro do útero da mulher, mas depois não se admirem que o tapete venha a ter um alto tal que já não se consegue disfarçar.</div>
João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-15111181148196865742011-09-16T00:15:00.000+01:002011-09-16T16:22:52.408+01:00E por falar em telenovelas...<div style="text-align: justify;">
- Ah Etelvina, tu tens visto os <i>Perdidos de Amor</i>?<br />
- Ah Zulmira, tenho visto pois! Tu já viste o que aquela Diana anda a fazer à pobre da Patrícia? Agora vai seduzir o António de propósito para ele acabar com ela!<br />
- Ah, essa Diana, é que ela é mesmo má!<br />
<br />
Aham! Desculpem, também estava aqui entretido a ouvir a conversa. Portanto, telenovelas. Confesso que não sou a pessoa mais indicada para falar de telenovelas, porque não as vejo há anos, provavelmente há décadas. A última novela que vi deve ter sido, deixa cá ver, <i>O Rei do Gado</i> ou assim. Simplesmente deixei de ter paciência para elas. Gosto de ver séries porque dão só uma vez por semana, agora tentar seguir algo que dá todos os dias e muitas vezes a horas indecentes já não é para mim. Mas é precisamente porque já não vejo novelas que começo a achar um interesse especial nas <b>pessoas que falam de novelas</b>. É a forma apaixonada como as descrevem, como as comentam, como tentam convencer quem está de fora que é a melhor novela que já viram em toda a sua vida. Não é que o consigam, porque para quem está de fora, uma novela continua a parecer uma coisa bizarra. Então mas digam lá, os <i>Perdidos de Amor </i>é sobre quê?<br />
<br />
- Olha, é assim, são duas irmãs, a Patrícia e a Diana, a Patrícia é boazinha e a Diana é má, que por sua vez estão casadas com dois irmãos, a Patrícia com o António e a Diana com o Francisco. Só que a Diana gosta é do António e quer roubá-lo à irmã. E o Francisco...<br />
- O Francisco é um panhonhas!<br />
- É um panhonhas ele, não liga nenhuma à mulher, ela anda com os homens que quer e ele não vê nada! Mas olha que ela faz um papelão, hã? E quando ela se atirou para cima do carro só para perder o bebé?<br />
- Faz um papelão, ela!<br />
<br />
E aqui está a primeira figura típica de quem fala de novelas, que é a figura do <b>papelão</b>. Normalmente o "papelão" seria para quem é muito bom actor, mas nas novelas quem é que faz sempre o papelão? É a pessoa que faz de má. Aliás, não é bem assim, <b>é a mulher que faz de má</b>. Primeiro, porque os homens não têm jeito para novelas, ninguém lhes liga nenhuma, não se metem em intrigas e maledicências tão bem como o fazem as mulheres. E depois, porque a má da fita é a que faz sempre as cenas mais interessantes, é a personagem menos parecida com as pessoas que vemos no dia-a-dia. A boazinha da fita, que tem de se fazer de sonsa a maior parte das vezes para que a novela dure 150 episódios, não é mais do que uma pessoa comum como todos nós, é a coisa mais fácil de se fazer.<br />
<br />
A segunda figura típica é a da <b>personagem cómica</b>, que frequentemente usa um<i><b> </b>bordão</i> que na novela é repetido vezes suficientes até ter piada. Mas quando se tenta descrever essa personagem a quem nunca viu a novela, é outra história. Quer dizer, toda a gente que via <i>Roque Santeiro</i> ria-se a bandeiras despregadas sempre que Sinhôzinho Malta abanava as pulseiras e dizia "Estou certo ou estou errado?". Mas experimentem contar isso ao vosso filho de dez anos e garanto-vos que, se ele se rir, é porque está a gozar convosco.<br />
<br />
- Ah, essa história da personagem cómica faz-me lembrar o Asdrúbal dos <i>Laços dos Anjos</i>. Tu não vês os <i>Laços dos Anjos</i>, Zulmira?<br />
- Ah Etelvina, essa não vejo, não.<br />
- Olha, aquilo é um fartote de rir. Ele faz aquela cara assim meio de parvo que ele tem, e começa a dizer "Não caias em desgraça! Não caias em desgraça!"<br />
- Pois, não sei, essa não costumo ver...<br />
- Ah, mas a expressão que ele faz! Parece que mete a boca mesmo colada ao nariz, e depois "Não caias em desgraça!" Ah! Ah! Ah! Já me estou a rir só de pensar nisso...<br />
<br />
Depois temos as <b>telenovelas brasileiras</b>. No tempo em que eu via novelas só havia novelas brasileiras em Portugal. Tudo bem, havia uma portuguesa de vez em quando, mas mesmo assim quando havia era uma entre três ou quatro brasileiras. Agora as telenovelas portuguesas proliferaram e as brasileiras é que são uma minoria. As novelas brasileiras distinguem-se das portuguesas em 3 pontos, <b>1 - têm um tema diferente e mais específico</b>, usualmente envolvendo uma minoria étnica ou de imigrantes (os indianos, os italianos, os ciganos, os japoneses, etc. etc.), <b>2 - esbanjam criatividade nos nomes das personagens</b>, fazendo com que o telespectador assíduo passe a dizer coisas como "a Cleusa finalmente vai casar com o Sinval", e <b>3 - dão à novela um título típico</b>, por vezes com <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugu%C3%AAs_brasileiro#Tupinismos">termos derivados do Tupi</a> à mistura que nós portugueses simplesmente aceitamos que nunca vamos entender. O que é mesmo interessante é ver as pessoas falar saudosamente do tempo em que as novelas brasileiras eram rainhas...<br />
<br />
- Pois, Etelvina, a essa hora eu vejo a <i>Suruticuti</i>. As novelas portuguesas também são boas...<br />
- São diferentes.<br />
- Pois, são diferentes, mas a mim ninguém me tira as brasileiras. Eles gritam mais, falam alto e bom som, não estão cá com meias medidas. Parece que têm mais vida! Estes daqui são sempre a mesma coisa, meios calados, sempre com as mesmas histórias.<br />
- Ah Zulmira, tu viste como é que ficou a história da Juliaci com o Dorival?<br />
- Vi pois! Então ela ia para o beijar pela primeira vez, mas nisto aparece o Jefferson e o Nicholas todos esbaforidos a dizer que a Dafne tinha tido um acidente, que era tudo mentira, ela tinha fingido tudo só para ficar com o Dorival. Depois o Dorival foi a correr ter com a Dafne ao hospital, já lá estava o Agnello, e ela pediu para ficar com ele de maneiras que ele não voltou a ver a Juliaci. Mas agora ela disse à Lucineide para mandar um recado pelo Jarbas para eles se encontrarem outra vez. E ficou assim para hoje.<br />
<br />
... o que me leva à terceira figura típica das novelas, <b>a criada e o mordomo</b> (sempre com os respectivos nomes típicos, obviamente). A sério, quem é que ainda tem criada e mordomo hoje em dia? Eu não conheço ninguém que tenha. Ainda por cima aparecem sempre vestidos a rigor, como mordomo e criada franceses, o último dos quais servirá na realidade mais para fantasias sexuais do que propriamente para limpar a casa...<br />
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Por último, e uma vez que há em média uma dúzia de novelas a passar todos os dias na televisão pública, o que as pessoas que falam de novelas gostam mais de dizer é que <b>vêem poucas novelas</b>. Então, não querem perguntar à Etelvina e à Zulmira quantas novelas vêem?<br />
<br />
- Ó rapaz, tu pensas que eu faço vida de ver novelas ou quê? Só vejo três, vejo os <i>Perdidos de Amor</i>, vejo os <i>Laços dos Anjos</i> e vejo a <i>Selvagem Indomada </i>à hora de almoço. E só espreito o <i>Suruticuti</i> de vez em quando.<br />
- Ah, eu vejo os <i>Perdidos de Amor</i>, o<i> Suruticuti</i> e a<i> Selvagem Indomada</i> que também é muito bonita, e vejo o<i> Amor de Paixão</i> à tarde. Então, que remédio, é o que está a dar...</div>
João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-73752755465664481142011-08-23T00:34:00.005+01:002011-08-23T00:45:18.112+01:00Pois claro que estás!<div style="text-align: justify;">Acham que isto é uma maneira parva de atender o telefone?<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="390" src="http://www.youtube.com/embed/m8oXBCoCopg" width="480"></iframe></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Na verdade, se estivessem cá os Castigadores da Parvoíce, <b>metade de Portugal era dizimada</b>. Eu incluído. Tudo isto por causa dessa mania irritante de, <b>ao atender o telefone, perguntarmos ao outro se estamos</b>.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Se não perceberam já lá vamos. Um pouco de história, primeiro. A expressão mais correcta, em termos convencionais, a usar para atender o telefone é efectivamente <b>"Alô"</b>. Vem do inglês "Hello", antigamente "Hallo", foi o próprio Thomas Edison que a sugeriu como saudação ao atender o telefone, e <b>quer dizer, literalmente, "Olá"</b>. Dizer "Olá" é uma óptima forma de atender o telefone, não acham? Para os mais distraídos, não é a Thomas Edison que se atribui a invenção do telefone, é a Alexander Graham Bell, só que este sugeriu que se dissesse "Ahoy hoy!" Felizmente, nessa altura, os Castigadores da Parvoíce estavam lá.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Grande parte dos brasileiros dizem "alô". Alguns, dependendo do sotaque, acabam por dizer "alôe". E se for a Vera a ligar, dizem "alôe Vera". (ok, foi a piada possível, foi seca como o deserto do Sahara mas tinha que ser). E se a memória não me engana, houve um tempo em que também os portugueses atendiam o telefone com "alô". Eu tenho uma vaga ideia de o ter feito nos meus tempos de miúdo.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">E depois <b>Portugal inteiro começou a mudar</b>, primeiro de "Alô" para <b>"Está lá?"</b> ou <b>"Está?"</b>, e depois de "Está lá?" para <b>"Estou sim?"</b>, <b>"Estou?"</b> e finalmente <b>"Tou?"</b>. Neste momento, "Tou?" é provavelmente a forma de atender o telefone mais usada em Portugal.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Eu fui acompanhando todas as mudanças e, confesso, sempre as aceitei com naturalidade, nunca pensei em questioná-las, sempre as achei uma forma válida de atender o telefone como todas as outras. Afinal, se toda a gente diz, não deve estar mal de todo, não é? Até que uma amiga brasileira me viu a atender o telefone e disse <b>"Que é essa merda de estou? Isso quer dizer o quê? Não sabe dizer alô?"</b> E nessa altura tive uma epifania. Nessa altura percebi tudo. "Ééé pááá, esta maneira de atender o telefone é muita parva..."</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">É que já o "Está lá?" era parvo o suficiente. Quer dizer, <b>se a pessoa </b><b>atende o telefone</b><b>, é claro que está lá!</b> Onde é que havia de estar? Se estivesse cá, não era preciso telefonar! A minha teoria é que o "Estou, sim" era uma resposta ao "Está lá?", que no fundo era uma pergunta na categoria das <a href="http://jotalog.blogspot.com/2011/02/posso-fazer-uma-pergunta-posso.html">perguntas que têm sempre a mesma resposta</a>. A certa altura as pessoas começaram a dizer "Estou sim" logo ao atenderem o telefone, antes que tivessem de ouvir o "Está lá?" do outro lado que já começava a ser irritante. Digamos que era uma resposta preventiva. Por isso <b>o "Estou sim", ou o "Estou", ditos em tom de afirmação, até fazem sentido.</b> Como quem atende o telefone e diz "Estou aqui, fala comigo". De qualquer forma, não deixa de ser um pleonasmo, já que se eu vou atender o telefone é porque estou! Onde é que havia de estar?</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><b><br />
</b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Mas o meu problema com o "Estou" não é bem esse, é a entoação que é dada à palavra, que acaba por converter uma afirmação numa pergunta. Olhem bem para vocês da próxima vez que atenderem o telefone e digam-me se <b>estão a dizer que estão ou a perguntar se estão.</b> "Estou?", "Tou?" e "Estou sim?", ditos em tons de pergunta, há que dar a mão à palmatória, são <b>parvos</b> até dizer chega. Imagino-me a telefonar a alguém e responderem-me com "Estou?". <b>Estão a perguntar-me a mim se estão? Como é que querem que eu saiba?</b> Eles não sabem se estão? Ainda pior é perguntarem se "estão sim". "Estou sim?" "Não, estás talvez."</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Será que há assim tantos portugueses com crise de identidade? Que não sabem onde estão, se estão ou se não estão, se estão sim ou se estão não? Pelo andar da carruagem, pela evolução que passou do "Está lá" para o "Estou, sim", não há-de tardar muito até que comecemos a atender o telefone a gritar <b>"Pois claro que estás!"</b>.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Portanto, neste ponto tenho que admitir que os brasileiros levaram a sua avante. Mas os brasileiros não se ficam a rir, não. Que é que é isso de dizer <b>"Pronto!"</b> a atender o telefone? Pronto para quê, para sair? Do tipo, já se vestiram e puseram a maquilhagem? Eles calavam-se mas é caladinhos, se soubessem que em Portugal Pronto também é o nome de um produto para limpar o pó. Ah pois é!</div></div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-47672217840300259742011-08-09T01:27:00.009+01:002011-08-21T22:10:57.131+01:00A Crônica do Beijinho<div style="text-align: justify;">Calma, calma, suas mentes perversas e sedentas de tudo o que tenha minimamente a ver com sexo. Esta não é uma crônica do beijo, do beijo fogoso, quente, apaixonado. É uma crônica do beijinho, do beijinho de amigo, do beijinho de cumprimento. Porque é que é crônica? Não sei, podia ser a História do Beijinho, ou o Dilema do Beijinho. Crônica não é bem história mas soa melhor, e além disso Crônica rima com a Turma da Mônica.<br />
<br />
Repararam que ainda escrevo com sotaque brasileiro? Pois é, minha gente. Já voltei do Brasil faz dois meses, mas há uma coisa que não consegui tirar da ideia quando lá estive, que não consigo tirar da ideia desde que voltei: afinal, <b>no Brasil devo cumprimentar as mulheres com um beijinho ou com dois?</b><br />
<br />
Em Portugal é fácil. Todo mundo se cumprimenta com dois beijinhos, exceto as tias de Lisboa (e arredores), para quem um beijinho só é que é fino, e dois é "pessidonice" (é brega, pronto). Na Rússia e na Suíca são três; em França são quatro (aí, beijoqueiros!). Em Nova Iorque dão apenas um beijinho, embora mesmo assim <a href="http://www.youtube.com/watch?v=sLnuBQDcbD4">algumas pessoas não gostem muito</a>. Na Suécia não tem beijinho nenhum, eles dão uma espécie de "meio abraço".<br />
<br />
<b>E no Brasil? Nunca entendi. Umas vezes dei um, outras vezes dei dois.</b> Fiquei pensando se seria comum darem dois beijinhos de vez em quando, ou se me davam dois beijinhos a mim porque eu era português. Também não dá pra entender muito bem porque o gesto de dar beijinho de cumprimento é quase automático. É uma questão de milésimos de segundos, se de repente você se inclina para me dar um beijinho na outra face, eu vou perceber e vou instintivamente fazer o mesmo. Mesmo que minha intenção inicial fosse de me afastar depois do primeiro beijinho.<br />
<br />
Quanto a mim, um beijo só é coisa que não faz sentido. <b>O ser humano tem duas faces, porque é que só uma pode levar beijinho?</b> Porque é que uma face tem que ficar rindo e outra chorando? Tem que dar beijinho nas duas, pô! É o princípio da igualdade!<br />
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Até no mundo virtual os portugueses se cumprimentam de forma diferente dos brasileiros. Português se despede de seus amigos virtuais mandando beijinhos (<i>bâijinhush</i>). Pequeninos, mais muitos. <b>A não ser quando envia "beijinhos grandes". Aí se ferrou.</b> Que é que é um beijinho grande? Afinal é grande, ou é pequeno? Será o mesmo que um beijão pequeno? Ou é o contrário?<br />
<br />
Brasileiro, pelo contrário, é mais maduro, mais adulto. Não tem essa coisa de beijinho não, <b>brasileiro manda beijo </b>(<i>bêjo</i>)<b> mesmo</b>. E não manda beijos, manda Um Beijo, só um, que brasileiro não é brega não. Beijos no Brasil são poucos mas poderosos, um só dá pra sustentar você até o dia seguinte.<br />
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Portanto é isso aí, meus irmãos do Brasil. Me ajudem a resolver essa dúvida. Vocês dão um beijinho ou dois? Olhem que a outra face também merece!<br />
<br />
<b>Apideite:</b> com a ajuda de alguns amigos brasileiros lá consegui descobri quantos beijinhos se dão no Brasil. E a resposta é: depende do estado! No estado de São Paulo é um, no do Rio de Janeiro são dois, e no fabuloso estado de Minas Gerais dão três beijinhos, três! Êta estado beijoqueiro!!!<br />
<br />
(Nota: Apideite não é uma palavra a sério. Não, nem no Brasil)</div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-7315226719273995552011-08-02T01:54:00.002+01:002011-08-02T01:55:19.482+01:00Etiqueta e boas maneiras<div style="text-align: justify;">Diria Paula Bobone (e se calhar até disse mesmo) que <b>a boa educação é o que nos distingue dos animais selvagens</b>. E com toda a razão. A boa educação nunca fez mal a ninguém. Veja-se, a título de exemplo, os famosos duelos entre nobres do século XVII: "<b>Com sua licença, desafio-o para um duelo até à morte!</b>". Assim sim, dava gosto ver assassinar pessoas. Assassino sim, mas com educação. Esquecem-se os apologistas da boa educação que devia preocupar-se mais com ela quem educa e não quem é educado, mas isso é história para outro artigo. Para já, queremos dizer que temos etiqueta e boas maneiras, e por isso não somos nenhuns trogloditas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas agora que começamos a entrar no verdadeiro século XXI (porque os primeiros dez anos foram apenas para nos ambientarmos), os antigos manuais de boas maneiras começam a ficar obsoletos. Convenhamos que frases como <span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><em>"Nunca permita que manteiga, sopa ou qualquer outra comida permaneça nos seus bigodes"</em> já não se usam porque hoje em dia ninguém tem bigode. E como hoje em dia há até altos responsáveis do governo português que se escusam a usar gravata, penso que é uma boa oportunidade para revolucionar o conceito de boa educação e prepará-la para este século.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><br />
</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;">Deixo-vos por isso alguns conselhos práticos de boas maneiras. Com o tempo, este artigo irá sendo acrescentado de forma a se tornar um manual completo de etiqueta para o século XXI. Aqui vão algumas sugestões:</span></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><b>1 - Quando alguém se apresentar a si dizendo o seu nome, responda "Muito prazer".</b> Esta resposta, além de educada, dá-lhe, mesmo que por alguns segundos, o perverso prazer de já saber o nome dessa pessoa sem que ela saiba o seu. Os interlocutores mais atrevidos, depois de um visível embaraço, perguntar-lhe-ão de imediato o seu nome, pergunta à qual terá de responder honestamente. Os mais tímidos, porém, optarão pelo silêncio e ficarão o resto da noite à coca a ver se alguém o chama pelo nome.</div><div><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div><div style="text-align: justify;"><b>2 - Tente espirrar uma segunda vez depois da outra pessoa dizer "santinho"</b>. Este é um teste à boa educação do seu interlocutor. Se ele for realmente bem educado, dirá "santinho" também da segunda vez. Se conseguir ter múltiplos espirros, então torna-se um jogo de forças, a ver quem desiste primeiro. Se o seu interlocutor não disser "santinho" uma vez por cada espirro seu, não precisa de lhe dizer "obrigado".</div></div><div><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div><div style="text-align: justify;"><b>3 - Ao receber alguém em sua casa, peça desculpa pela desarrumação apenas se a casa estiver IMPECÁVEL.</b> As suas visitas ficarão impressionadíssimas e andarão o resto da noite a inspeccionar a casa para tentar perceber ao certo qual será a parte da mesma que está desarrumada.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><b>4 - À mesa, diga "Bom apetite" apenas quando todos os outros já começaram a comer.</b> Isto provocará um enorme peso na consciência dos seus comensais, que finalmente se lembrarão que se atiraram à comida que nem uns alarves e não esperaram por ninguém para o fazer. Com alguma sorte, um deles engasgar-se-á com a comida e um outro otário que não conhece a manobra de Heimlich irá bater-lhe com toda a força nas costas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><b>5 - Avise os outros que vai começar a comer com as mãos. </b>Esta regra é simples. Sejam costeletas de porco ou bacalhau com natas, comer com as mãos é sempre permitido desde que se avise antecipadamente. Pode dizê-lo de várias maneiras, desde a simples e directa <i>"É só para avisar que vou comer isto com as mãos"</i>, passando pela subtil <i>"Pessoal, isto é frango, tem que se comer com as mãos, não é?"</i> e até à rija e máscula <i>"É pá, eu como sempre isto com as mãos. É à portuguesa!"</i>. Outra nota importante: não é de bom tom aproveitar-se de outra pessoa o ter anunciado primeiro para começar a comer com as mãos também: todos os que pretendem comer com as mãos devem dizê-lo bem alto para toda a mesa ouvir.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><b>6 - Empanturre sempre as suas visitas e diga-lhes que é para não "fazerem cerimónia".</b> A ironia desta singela frase é que é precisamente para fazer cerimónia que as suas visitas vão acabar por comer mais do que pretendiam. Lembre-se que deve sempre pôr-lhes mais comida no prato e mais vinho no copo sem elas pedirem (e até, se possível, sem elas verem), e principalmente, não os deixe voltar a colocar a comida na travessa, porque <i>"parece mal"</i>. Ao terminar a refeição, faça desaparecer todos os pedaços de carne da travessa menos um, e obrigue a visita a comê-lo,<i> "para não se estragar"</i>. Como cereja no topo do bolo (que aliás também convém que a visita coma), diga-lhe no final para <i>"não ir lá para fora dizer que foi daqui cheia de fome"</i>.</div></div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-13486192468815469262011-05-14T04:02:00.001+01:002011-05-14T04:03:11.630+01:00A bicha de meia e outras histórias<div style="text-align: justify;">Falar com sotaque brasileiro é quase como falar estrangeiro. Primeiro porque não posso deixar de notar que falo de forma diferente daquela a que eu estou habituado. Segundo porque, como o bom emigrante português que se preze, dentro de casa se fala português de Portugal. Terceiro porque frequentemente dou por mim interrompendo uma conversa em português do Brasil para falar com meu colega português em português de Portugal, só porque "é mais fácil" falar assim. A única diferença entre o português do Brasil e uma língua estrangeira é que os brasileiros entendem português!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ué, então porquê falar com sotaque do Brasil? Essencialmente por duas razões: para não dar nas vistas falando com um sotaque estranho, e para facilitar a comunicação com os nativos, afinal os brasileiros não cresceram vendo novelas portuguesas, né? Mas não é tão fácil assim como parece. Por melhor que seja o meu sotaque brasileiro, nunca é perfeito, e acabo sempre metendo os pés pelas mãos. Aliás, acabei de fazê-lo novamente, porque brasileiro não diz meter, diz colocar. Tem algumas expressões de cá que não dá para descobrir à primeira, e tem ainda mais expressões de Portugal que não se usam por aqui, e quando as digo lanço logo um sinal de alerta sobre mim que diz "este cara não é daqui!!"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tudo isto para introduzir a minha história inventada de hoje: ia eu no supermercado, para comprar mamão, mandioquinha, umas carambolas, alguns caquis, duas bistecas, um pouco de contra-filé e um bolo de fubá, quando me lembrei de parar no caixa automático para sacar dinheiro. Então eu chego no caixa, e o que é que eu encontro bem na minha frente? Uma bicha de meia! E eu disse "nossa, gente, o que é que é isso?" e fui-me embora.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Falando de expressões de cá que não são de lá e vice-versa, uma das primeiras coisas que me perguntaram aqui no Brasil foi se em Portugal bicha queria dizer fila. Acho que já estava contando que me fizessem essa pergunta, só não pensei que fosse tão rápido. Tive que lhe dizer que sim, bicha também queria dizer fila, mas já ninguém em Portugal diz bicha ultimamente. Dizem fila, tal como no Brasil. E a culpa é de quem? Dos brasileiros, que um belo dia se lembraram de inventar que bicha queria dizer gay (como se já não existisse viado, boiola, baitola, xibungo para dizer a mesma coisa). Tendo o termo passado para Portugal através das novelas brasileiras, de repente já não se podia dizer "põe-te na bicha" sem ser recebido com risinhos e gozação. E então os portugueses deixaram de dizer bicha, e passaram a dizer fila, que aliás sempre existiu.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por outro lado, acho um piadão quando aqui dizem "meia" em vez de "seis". Oito cinco meia sete, dois meia sete oito. Quem não se lembra do "dois três quatro cinco meia sete oito, está na hora de molhar o biscoito" de Gabriel o Pensador? Cheguei a perguntar a uma brasileira se não ficava confundida quando perguntava as horas para alguém e lhe diziam que eram onze e meia. Como assim, onze e meia? Onze e meia é onze e trinta ou é onze e seis? Então e se fosse meia e meia? Para cortar o meu barato, ela me disse que não se usa "meia" em vez de "seis" para dizer as horas, só se for em números de telefone, ou para soletrar um número comprido para alguém. E porquê se diz meia? Porque seis se confunde com três, que os brasileiros dizem "trêis" (os portugueses dizem "trés", por isso aí não há confusão). Então se há confusão, porque não substituir o três em vez do seis? Bem, você é chato, não? Porque seis sempre é meia dúzia, e três é... bem, três não é nada.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Portanto, para quem tinha dúvidas sobre minha historinha, aquilo que eu vi no caixa automático do supermercado não era um homossexual vestindo collants. Era simplesmente uma fila de seis pessoas. Claro que eu não ia ficar esperando por todos eles e perdendo o meu tempo!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas como bicha é português e meia é brasileiro, e como bicha já não se usa e meia só se usa para números de telefone, é claro que a história só podia ser inventada.</div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-87679431089978165402011-04-23T01:29:00.005+01:002011-04-24T01:37:56.247+01:00O mistério da ressurreição de Cristo ou como na Galileia não sabiam fazer contas<div style="text-align: justify;">Só porque é Páscoa e todas as Páscoas me lembro disto, e porque já começa a ser um pouquinho irritante.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tudo porque há dois mil anos que dizem que Jesus, o Cristo (Cristo que não é nome próprio, quer dizer O Crismado, ou O Untado), ressuscitou no terceiro dia depois de morrer. E porque há dois mil anos se celebra a morte de Cristo a uma sexta-feira e sua ressurreição a um domingo. Hein?!!!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">De sexta a sábado é um dia, de sábado a domingo é mais um dia. Um dia mais um dia são dois dias. Onde está o terceiro dia? Afinal Jesus ressuscitou numa segunda-feira? (coitado...)</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Estou contando mal, dizem vocês. Sexta-feira é o primeiro dia, sábado é o segundo dia, e domingo é o terceiro dia. Espera, mas no dia em que ele morre já passou um dia desde que ele morreu? Até fazia sentido se ele tivesse morrido logo na meia-noite de sexta, e ressuscitado às 23:59:59 de domingo. Aí fazia três dias completos. Mas a hora oficial da morte (segundo vi por aí) é às três da tarde. Portanto o primeiro dia já começou e ele ainda não tinha nem morrido?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- Meus apóstolos, esta é nossa última ceia, e está quase chegando a meia-noite. Saibam que morrerei na cruz amanhã e ressuscitarei no terceiro dia.</div><div style="text-align: justify;">- Terceiro dia a contar desde a sua morte, Senhor?</div><div style="text-align: justify;">- Não, Judas! Cala a boca! Terceiro dia a partir de... agora!</div><div style="text-align: justify;">- Que bom, Senhor, assim calha no domingo!</div><div style="text-align: justify;">- Cala a boca Judas!!! Quem chamou este cara para ser apóstolo? Puxa vida, que cara mais chato!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">OK. Pensando bem, quando eu entro para a escola vou diretamente para o primeiro ano, quando entro para o terceiro ano só completei dois anos... é possível que Jesus tenha morrido só durante dois dias e mesmo assim ressuscitado no terceiro...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas! De todos os documentos possíveis é a própria Bíblia que me vem dar razão. Não vou transcrever a passagem completa mas deve ser de Mateus x, versículo y. Diz que Jesus disse a não-sei-quem que sua morte demoraria três dias e três noites, e depois então ressuscitaria. Ahá! Três noites! De sexta a domingo não são três noites, são duas noites! Tenho razão ou não tenho, porra!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Portanto, ou na Galileia diziam que um mais um é igual a três, ou o verdadeiro mistério da ressureição de Cristo é saber como ele sumiu com um dia inteirinho de sua morte.</div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-9414396398399958452011-04-09T05:30:00.000+01:002011-04-09T05:30:47.347+01:00Graças a Deus, né?<div style="text-align: justify;">Pois de repente, sem mais quê nem para quê, fui parar ao outro hemisfério da Terra. Estando já há duas semanas no Brasil, algumas coisas já começam a parecer familiares, mas outras continuam a surpreender-me. Coisas curiosas que dão matéria para mais uma carrada de artigos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Hoje vou começar por uma das primeiras impressões que tive aqui, mas antes quero avisar-vos que o texto a seguir terá de ser escrito em português do Brasil (ainda que macarrónico). É que, já que vou "gozar" com eles, convém que me sinta parte do grupo, assim parece menos ofensivo para os meus camaradas brasileiros. É uma técnica que foi usada pela primeira vez por <a href="http://www.youtube.com/watch?v=mV7m6IIN_tI">Tim Whatley</a>, o dentista do Seinfeld que se converteu ao judaísmo para poder contar piadas sobre judeus.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Aí. Ainda que já esteja no Brasil faz duas semanas, ainda não tive oportunidade de conhecer muita gente. No entanto, logo que cheguei encontrei uma entidade familiar. Encontrei Deus. Não, não fiquei religioso de repente, simplesmente vim parar num sítio que tem tanta igreja por quilómetro quadrado que não dá para sair na rua sem dar de caras com Ele.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Dizem que Deus está em toda a parte, mas eu acho que não é verdade. Com toda a gente que chama e grita por Ele aqui em São Paulo, acho que Ele não tem tempo para ir a mais lado nenhum. É verdade, minha gente, Deus está todo concentrado aqui. Sempre que Ele tenta dar uma perninha lá para o hemisfério norte, tem mais alguém que chama gritando por ele aqui e Ele já não pode ir. No início Ele até ficava estressado por não poder chegar a todo o lado, mas penso que agora já se acostumou.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Aqui em São Paulo sim, Deus está em toda a parte. No caminho de casa contei 16, sim, dezesseis igrejas todas na mesma rua, algumas delas seguidas, parede com parede. Algumas são bem pequenininhas, outras, como a Igreja Universal do Reino de Deus, têm pavilhões enormes e centenas de pessoas entrando e saindo. Tem a Igreja Evangélica Comunidade Aliança em Cristo, a Igreja Metodista Wesleyana e a Igreja Mundial do Poder de Deus, essa última convenientemente fazendo lembrar a mais poderosa Igreja Universal. Tem até um centro automotivo (oficina de automóveis?) chamado "Deus é Fiel"!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Aqui no Brasil não precisa ir à Igreja para ouvir a Palavra do Senhor. Eles cantam e falam tão alto que nós ouvimos aqui, do outro lado da rua e duas casas acima. As igrejas de Portugal, por comparação, são uma pasmaceira. Lá no hemisfério norte, na Igreja Matriz de Lavos, a Eucaristia seria celebrada assim:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>E Jesus tomou o pão, partiu-o e deu-o aos seus discípulos dizendo: "Tomai e comei todos: isto é o meu corpo entregue por vós"</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Aqui, na Igreja Evangélica Pentecostal "Deus Vai Agir", é mais provável que ela seja celebrada assim:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>E AÍ ESTÁ JESUS! JESUS É GRANDE! VEJAM SÓ O QUE JESUS FAZ! ELE TOMA O PÃO, ELE PARTE O PÃO, OLHA O MILAGRE AQUI, ELE PARTE O PÃO E DÁ O PÃO A SEUS DISCÍPULOS. JESUS FAZ O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES! ELE PARTE O PÃO E O MULTIPLICA, SOBRA PARA TODOS OS SEUS DISCÍPULOS! É MILAGRE, MINHA GENTE! E DEPOIS JESUS DIZ, VEJAM O QUE DIZ JESUS NOSSO SENHOR, ELE DIZ "TOMAI E COMEI TODOS: ISTO É MEU CORPO ENTREGUE POR VÓS"!</i></div><div style="text-align: justify;"><i><br />
</i></div><div style="text-align: justify;">Talvez não seja bem assim que eles dizem, mas é assim que eu ouço daqui de fora. Pelo menos, apesar de toda a violência, acho que estou bem protegido. Deus não vai sair daqui tão cedo. Graças a Deus, né?</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvlf18uQ1ufM9bP2JyAMhXEH7jvtuzWi7_68yQNPSRjiA2XHKVqpTn63Uvotz3NNfrPweDJ6zbRL_z0Xmn1iBFS8eWgEHeNd0MB_s-EobyajRquKXyI3weAEx_Mf8YkK90NsCpJA/s1600/2011-04-05+08.26.32-small.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvlf18uQ1ufM9bP2JyAMhXEH7jvtuzWi7_68yQNPSRjiA2XHKVqpTn63Uvotz3NNfrPweDJ6zbRL_z0Xmn1iBFS8eWgEHeNd0MB_s-EobyajRquKXyI3weAEx_Mf8YkK90NsCpJA/s400/2011-04-05+08.26.32-small.jpg" width="400" /></a></div><div style="text-align: center;"><br />
</div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-74412804965956703972011-02-15T00:56:00.004+00:002011-08-02T01:57:36.802+01:00Posso fazer uma pergunta? Posso?<div style="text-align: justify;">Outra coisa que é particularmente irritante é quando alguém chega ao pé de nós e diz "<b>Posso fazer-lhe uma pergunta?</b>". Aliás, há várias correntes deste tipo de pergunta: "<b>Pode fazer-me um favor?</b>", "<b>Pode tirar-me uma dúvida?</b>", "<b>Posso colocar-lhe uma questão?</b>", "<b>Pode dar-me uma informação?</b>"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Há que esclarecer que há também duas versões desta questão, uma menos irritante e outra mais irritante. A menos irritante é quando dizem "Posso fazer-lhe uma pergunta?" e fazem a pergunta logo a seguir, portanto a primeira é assim uma espécie de introdução para a segunda. Mas irrita mais quando dizem "Posso fazer-lhe uma pergunta?" e <b>ficam à espera que eu responda</b> para me fazerem a pergunta!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Obviamente que tudo se passa no campo da boa educação e não é suposto irritar só por ser educado. Mas <b>quando ouvimos isto vezes sem conta</b>, e dito pelas mesmas pessoas, <b>começa a irritar um bocadinho</b>. Eu pessoalmente sou uma pessoa mais prática, se me fazem uma pergunta eu gosto de responder o mais rapidamente possível, mas para isso <b>tenho que saber o que me estão a perguntar</b>! Para dar um exemplo, um dia uma mulher abordou-me na rua e fez-me esta pergunta:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- Olhe, faz-me um favor? O senhor é capaz de dar-me uma informação? O senhor sabe-me dizer onde fica o grpgdfglt?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">(naturalmente, eu, que tenho um <a href="http://jotalog.blogspot.com/2010/07/nao-percebi.html">problema de audição selectiva</a>, acabei por não perceber o fim da frase, que era o mais importante e lá tive de pedir à senhora para repetir. Felizmente, não repetiu tudo desde o início).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Notem que em nenhuma das perguntas que fez ela perguntou o que queria realmente saber. As respostas podiam ter sido simplesmente "Faço", "Sou" e "Sei", e a mulher ficava na mesma. E a questão é precisamente essa: quando alguém pergunta "Posso fazer-lhe uma pergunta?", <b>o que é que suposto respondermos?</b></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Eu diria que em quase 100% dos casos <b>temos que responder que sim</b>. Alguma vez responderíamos "não"? <b>Se por acaso respondêssemos "não"</b> acontecia uma de três coisas:</div><div style="text-align: justify;"></div><ol><li>Diziam "<b>Ah ah ah, brincalhão</b>" e faziam a pergunta na mesma;</li>
<li>Perguntavam "<b>tem a certeza?</b>", diziam "<b>olhe que preciso mesmo de saber</b>", e insistiam, insistiam até eu finalmente dizer que sim;</li>
<li>Diziam "<b>Pronto, está bem... <span class="Apple-style-span" style="font-size: xx-small;">idiota...</span></b>" e iam-se embora amuados e a pensar que eu era um antipático e mal-educado.</li>
</ol><div>Se eles sabem que eu tenho de responder que sim, <b>porque é que perguntam se podem perguntar?</b> Porque é que não perguntam logo aquilo que precisam de saber? <b>Têm medo de mim</b>, que lhes rosne que não quero responder a pergunta nenhuma ou que lhes diga que estão a fazer perguntas idiotas? Mas claro que só vou saber se a pergunta é idiota depois de a fazerem. Acham que estou muito ocupado e <b>não me querem desconcentrar?</b> Helloooo! É tarde demais, com o "Posso fazer-lhe uma pergunta?" já fiquei completamente desconcentrado!</div><br />
<div style="text-align: justify;">Na verdade há uma razão para este tipo de perguntas que me assusta mais do que me irrita. Às vezes perguntam-me se me podem perguntar porque <b>a pergunta propriamente dita é muito elaborada</b>. Quando eu sei que é um "Posso fazer-lhe uma pergunta?" deste tipo, até tremo dos pés à cabeça.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- Posso fazer-lhe uma pergunta?</div><div style="text-align: justify;">- Podes, diz lá.</div><div style="text-align: justify;">- Ora bom. Em 1987, eu e duas ucranianas estávamos numas termas e blah... blah... blah... depois blah... blah... portanto achas que devemos vender as 7 caixas ou vender só 5?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Enfim. <b>De tanto responder "Sim"</b>, "Podes", "Força", "Diz lá", "Ya...", <b>começo a pensar em respostas parvas para dar</b>. Respostas como:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- Podes, mas é só uma.</div><div style="text-align: justify;">- Vá lá, está bem, desta vez passa.</div><div style="text-align: justify;">- É pá, vou ter de pensar no teu caso...</div><div style="text-align: justify;">- Porquê?</div><div style="text-align: justify;">- Não sei, pergunta à Gertrudes que ela deve saber.</div><div style="text-align: justify;">- Não sei se podes, vou ter de confirmar com o meu supervisor.</div><div style="text-align: justify;">- Poder podes, eu é que não sei se te vou responder...</div><div style="text-align: justify;">- Podias, mas já fizeste, agora olha...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Portanto, o que eu quero dizer com isto é o seguinte: não percam tempo a perguntar se podem perguntar! <b>Perguntem logo!</b></div><div style="text-align: justify;"><b><br />
</b></div><div style="text-align: justify;">Em tempos inventei o pedido de licença mais educado e mais complicado de sempre. Era assim: "<b>Olhe desculpe, não se importa, por obséquio, de me fazer o favor de me dar licença para eu passar?</b>".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Podiam dizer isto. Ou então podem dizer "<b>Com licença</b>". É a mesma coisa, e <b>evita prolegómenos</b> como este:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="390" src="http://www.youtube.com/embed/SANyZx68d4A" title="YouTube video player" width="480"></iframe></div><br />
<div style="text-align: justify;">Bónus. "Com licença"? "Com licença" quer dizer que se tem uma licença, não é? Então porque é que é equivalente a "Dá-me licença"? Se é "dá-me licença" está a pedir licença porque não a tem, mas se é "com licença" é porque já tem a licença... Também dá direito a respostas parvas, como "Onde é que está a licença?", "Deixe cá ver" e "Para ligeiros ou pesados?".</div><div style="text-align: justify;"></div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-77933596959185137672011-01-25T00:22:00.001+00:002012-01-18T23:07:37.325+00:00Nós somos os microondas que fazem "plim"<div style="text-align: justify;">
Normalmente gosto muito dos avanços na tecnologia, mas devo dizer que às vezes ela atrapalha mais do que ajuda. <b>Na era do digital, as pessoas querem à força enfiar o digital em tudo o que podem</b>. Devem achar mais moderno, mais vanguardista. Não se apercebem, no entanto, que é também menos prático.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um dos exemplos é a substituição dos botões de rodar por botões de premir. No meu microondas, que é <i>old-school</i>, tenho dois botões de rodar, um para seleccionar a potência e outro para seleccionar o tempo. O botão do tempo vai rodando para trás à medida que este se esgota, para eu ter uma ideia do que tempo que falta. Simples.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nos microondas de agora <b>os dois botões de rodar foram substituídos por cerca de dezasseis botões de premir</b> e um display electrónico. Peguem num microondas desses e ponham-no a trabalhar, não importa o tempo. Vá, ponham lá! Ah, têm de perceber primeiro qual é o botão de ligar, de entre os dezasseis botões que o microondas têm. Deve ser o botão com uma bola e um risco ao alto... ah, não, afinal é o que tem um triângulo invertido. Ah, e agora diz que não funciona porque esqueceram-se de digitar o tempo. Simples? Não me parece. <b>Alguns destes microondas até têm um botão para abrir a porta! A sério?!!</b> Uma simples pega na referida porta não era suficiente?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas o exemplo de que quero mesmo falar é o som que os microondas fazem. <b>O microondas clássico tem uma pequena campainha que faz "plim"</b> (ou "ding" em inglês - é engraçado como até as onomatopeias têm que ser traduzidas) quando o tempo acaba. E é assim que deve ser: <b>"tchaaaaaaaaaaaaannnnnnnnn... plim!"</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas os novos microondas da era digital acabaram com essa coisa retrógada que era a campainha e <b>substituíram-na por, ideia das ideias! um besouro digital</b>. Resultado: <b>"tchaaaaaaaaaaaaannnnnnnnn... pi pi pi!"</b>. Pi pi pi?!! Mas o que é isto?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sem ofensa aos homossexuais, mas "pi pi pi" parece-me um bocado amaricado... E não faz sentido nenhum. <b>Um microondas que se preze tem que fazer "plim"</b>, é o "plim" que define a sua identidade. As <span id="goog_276743892"></span><a href="http://www.youtube.com/watch?v=tYf-a9LmGrs">histórias que se contam</a><span id="goog_276743893"></span> de <a href="http://www.youtube.com/watch?v=Ug8hSqkFUXY">coisas terríveis</a> e <a href="http://www.youtube.com/watch?v=Jr6tMinjE2M">até macabras</a> acabam sempre com um "plim". "Pi pi pi" é o que faz qualquer aparelho electrónico hoje em dia, porque é que não podemos distinguir o microondas ao menos por isso?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas os fabulosos engenheiros do microondas digital foram ainda mais longe e adicionaram <b>um "pi pi pi" ininterrupto, que NÃO SE CALA enquanto não for lá alguém abrir a porta</b>. E isto é verdadeiramente irritante. O que é que tinham na cabeça? É assim tão urgente que se tenha de ir abrir a porta do microondas, quando este está parado? <b>Será assim tão grave que alguém se esqueça da comida quente?</b> A meu ver deviam apitar insistentemente em caso de avaria, ou de sobreaquecimento da comida, não quando o processo terminou e já está tudo bem!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um microondas que deixa de fazer "plim" para passar a fazer "pi pi pi" é como Os Cavaleiros Que Dizem "Ni" de repente deixarem de dizer "Ni" e passarem a dizer "Ekke Ekke Ekke Ptang Zoo Boing"! Não é a mesma coisa, pois não?</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="youtube-player" frameborder="0" height="390" src="http://www.youtube.com/embed/crX4E-dul4Y" title="YouTube video player" type="text/html" width="480"></iframe><br />
<br />
<div style="text-align: left;">
<span style="font-size: x-small;">(<a href="http://jotalog2.blogspot.com/2012/01/we-are-microwaves-that-say-ding.html">english version</a>)</span></div>
</div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-7947128980204341072010-12-30T17:10:00.002+00:002011-09-03T11:51:27.371+01:00O Nelson das Pipocas e o Hugo das Farturas<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">(estamos na quadra do Natal e por isso vou fazer uma pausa nas minhas indignações. Em vez disso hoje vou relatar-vos uma história da vida real. Podia ser uma história de Natal... mas não é.)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em tempos tive como vizinho no prédio um homem que tinha uma daquelas caravanas de farturas, pipocas, churros e cenas do género. A caravana dizia "Pipocas Nelson", por isso, e com alguma justiça, suponho, sempre o apelidei de Nelson das Pipocas. Havia também uma mulher, que também morava no prédio e também aparecia na caravana, mas nunca soube o nome dela, por isso, para efeitos desta história, vamos chamar-lhe, sei lá, Idalina, por exemplo. Nunca falei com eles além do habitual bom dia / boa tarde ao cruzarmo-nos no elevador, até porque eles não iam às reuniões do condomínio, que eram praticamente as únicas alturas onde eu dizia mais que bom dia / boa tarde aos meus vizinhos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A caravana era presença regular nas festas de Cantanhede (ainda é), por isso, quando o assunto vinha à conversa, era até com algum orgulho que eu dizia que era vizinho do Nelson das Pipocas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Até que um dia... tudo ficou virado do avesso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma bela manhã um agente da polícia abordou-me à entrada do prédio. Perguntou-me:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Diga-me uma coisa. Você conhece aqui no prédio um Hugo que vende farturas?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu achei estranha a pergunta, mas respondi, confiante:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Hugo? Não... Conheço é um Nelson que vende pipocas!<br />
<br />
O homem olhou para mim com cara de poucos amigos, pronto para me dar um sermão por estar a gozar com a autoridade.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Como?</div>
<div style="text-align: justify;">
- Sim, há aqui um Nelson que vende pipocas. Mora no segundo direito. Agora Hugo, não conheço.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E com isto o homem mandou-me embora e foi tocar na campainha do segundo direito. E eu lá fui, mas fiquei a matutar naquilo. É pá... Hugo que vende farturas? Quem é o Hugo que vende farturas? Será que me enganei?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Durante uns tempos não soube mais nada. Mas as teorias fervilhavam na minha mente. Provavelmente Hugo e Nelson viviam os dois na mesma casa, com Idalina. O Hugo tratava da parte das farturas, e o Nelson da parte das pipocas. Será que faziam um ménage-a-trois com Idalina? Parecia-me estranho visto que nunca tinha visto ninguém no prédio que correspondesse ao Hugo das Farturas, mas eu morava no quarto andar e dali não dava para saber o que se passava no segundo. Ou então, o homem que eu conhecia era o Hugo das Farturas, e o Nelson das Pipocas, que não morava lá, tinha-lhe vendido a caravana, permitindo a Hugo e Idalina continuarem o negócio.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas a minha teoria preferida é que não só Hugo tinha tomado a caravana de Nelson, mas tinha tomado também Idalina e o apartamento. O Nelson das Pipocas seria um homem acabado, que não teria resistido ao evoluir dos tempos e das mentalidades, e cujo império que a muito custo e ao fim de muitos anos tinha conseguido construir, um império à base de pipocas, tinha sido usurpado por jovens oportunistas e sem escrúpulos como esse Hugo. Nesse tempo haviam histórias (com ou sem fundamento, não sei) de discussões no segundo direito. Eu imaginava que essas discussões eram alguma coisa deste género:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Idalina! O que estás a fazer agarrada a esse homem?</div>
<div style="text-align: justify;">
- Nelson, já não quero nada contigo! Eu amo o Hugo e vou-me casar com ele!</div>
<div style="text-align: justify;">
- O quê? Mas ainda ontem me dizias que me amavas e ao meu império de pipocas!</div>
<div style="text-align: justify;">
- Meu Deus, Nelson! Ainda vives na idade da pedra? Pipocas, Nelson? Quem é que quer saber de pipocas? Farturas é o que está a dar! O Hugo é um homem com visão! Vamos fazer daquela caravana a melhor caravana de farturas do mundo!</div>
<div style="text-align: justify;">
- Não! Tudo menos a minha caravana!</div>
<div style="text-align: justify;">
- Esqueces-te que eu tenho direito a metade dela? E vais vender-nos a outra metade se não queres que eu e o Hugo te façamos a vida negra! Ai, farturas... o que eu não dava agora por uma fartura!</div>
<div style="text-align: justify;">
- Idalina...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Enfim... os meses foram passando, e eventualmente Nelson/Hugo e Idalina saíram do apartamento. Continuava a vê-los na barraca de farturas, mas nunca mais soube nada deles. Até que um dia cheguei à caixa do correio e estava lá uma carta, no sítio onde normalmente colocam as cartas com endereços errados para serem devolvidas. Peguei na carta para ver para quem era.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A carta era para o segundo direito. E era dirigida a um "Hugo Nelson".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E então fez-se luz na minha cabeça. De repente, tudo fazia sentido! Não pude esperar para contar a novidade à minha esposa. O elevador estava ocupado, por isso subi as escadas de dois em dois degraus até ao quarto andar. Abri a porta e gritei, ofegante:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Mulher! Anda cá depressa! Consegui! Consegui descobrir o mistério!</div>
<div style="text-align: justify;">
- O que é que foi, homem? O que é que se passa?</div>
<div style="text-align: justify;">
- O Nelson das Pipocas e o Hugo das Farturas... são uma e a mesma pessoa!!!</div>
João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-65578844560417152552010-12-03T22:24:00.004+00:002010-12-04T00:20:16.840+00:00Quem quer ser capa da TV Guia? (Parte 2... onde é que eu já li isto?)<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">Vejam <a href="http://jotalog.blogspot.com/2010/10/quem-quer-ser-capa-da-tv-guia-parte-1.html">aqui </a>a primeira parte deste artigo.</span><br />
<br />
Por dentro a TV Guia é uma revista cor-de-rosa igual às outras: apanham-se as celebridades em flagrante na praia, descobre-se quem é que namora ou que deixou de namorar, regista-se quem foi despedido, ou se zangou com alguém, ou está a morrer, porque tudo isso vende. Tem as crónicas de <b>pessoas respeitadíssimas</b> como Carlos Castro e Carlos Dias da Silva, que se entretêm a dizer mal dos vestidos das celebridades ou a comentar com língua viperina o último "escândalo". Os <b>amigos do casal</b>, aqueles personagens que se dispõem a contar os pormenores mais sórdidos da uma nova relação, e que muitas celebridades já vieram dizer que se realmente tivessem amigos destes não precisavam de inimigos, são uma constante.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">No entanto, a TV Guia tem alguns pormenores interessantes. Primeiro pormenor: <b>o Tony Carreira tem que aparecer na revista todas as semanas.</b> E quando digo todas quero dizer mesmo todas. Não há uma só edição da revista em que não apareça uma história dele ou de algum elemento da família, e se houver, estou certo que o cantor ou o seu clube de fãs não deverá hesitar em processar a TV Guia. Com a Alexandra Lencastre é quase, quase a mesma coisa, mas neste ponto o Tony Carreira é especial. Cerca de <b>80% das edições de revista têm duas páginas dedicadas ao cantor</b>, e há sempre matéria para escrever, nem que se vão buscar histórias de há 5 anos antes.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O segundo pormenor são as secções <b>"Isto é Verdade?"</b> e <b>"Onde já li isto"</b>, onde a TV Guia se entretém a <b>cascar forte e feio na concorrência</b>. Na primeira a TV Guia analisa as notícias da concorrência e dispõe-se a confirmar ou a refutar essas notícias, embora naturalmente refute mais do que confirme. Mas a segunda é a minha preferida, a verdadeira pérola da revista. Na rubrica "Onde já li isto" a TV Guia confronta as datas de saída das notícias na sua própria revista e nas revistas da concorrência, deixando bem claro que a TV Guia foi a primeira a lançar a notícia, e que as outras, de certa forma, <b>copiaram a notícia</b> que tinha sido dada por ela, tudo isto com um tom de gozo e de desdém impressionantes:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpZSXh52ub-ExOwpb6_qtR9gfJoNFU_w3iyjkt_rAE-YTnhHoPYZBn7RcdWZUlUlj9qz3LFn-vcbSG9m5V7S0J750-OCzNF7hSmDUFeM3iPDG-rOl-DQWTVOGDcLnaXQyWtXGxxw/s1600/ondeliisto1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpZSXh52ub-ExOwpb6_qtR9gfJoNFU_w3iyjkt_rAE-YTnhHoPYZBn7RcdWZUlUlj9qz3LFn-vcbSG9m5V7S0J750-OCzNF7hSmDUFeM3iPDG-rOl-DQWTVOGDcLnaXQyWtXGxxw/s400/ondeliisto1.png" width="500" /></a></div><br />
O tom de sarcasmo, de ataque pessoal com que estas críticas à concorrência são feitas é tão sincero, tão libertador que eu imagino os empregados da TV Guia a revezarem-se para serem eles a escrever a rubrica em cada semana, com gritos de "<b>Escolhe-me a mim! Esta semana sou eu! Já há uma data de semanas que não sou escolhido! Eu também quero escrever a rubrica!</b>", e por fim a pular de alegria e excitação quando finalmente são escolhidos.<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIn1i9IM3uxfJF4IsYK6K92VrJXTvgygOidb45LgW-tZeVlE13L4SoTAehqhVRUoWXHA1daPO-SMIZKZwmvz_5KkxqHGFcOP6oGBqj69Rt6vOkn15zzlpWCM6BJArNREGsX59__A/s1600/ondeliisto3.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="223" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIn1i9IM3uxfJF4IsYK6K92VrJXTvgygOidb45LgW-tZeVlE13L4SoTAehqhVRUoWXHA1daPO-SMIZKZwmvz_5KkxqHGFcOP6oGBqj69Rt6vOkn15zzlpWCM6BJArNREGsX59__A/s400/ondeliisto3.png" width="400" /></a>Apesar de tudo, há qualquer coisa que me faz desconfiar. Primeiro, a TV Guia nunca avisa quando são os outros a dar a notícia primeiro que eles. Será que eles são os primeiros <b>de todas as vezes?</b> E o que dizer do tempo que leva desde que a notícia é dada na TV Guia até que é dada noutra revista, que por vezes é de um, dois, três meses? Será que as outras revistas cometem mesmo o erro crasso de dar uma notícia três meses depois de esta surgir? Eu tenho outra teoria. Eu acho que a TV Guia <b>inventa as notícias primeiro</b>, e depois confirma se é mesmo verdade. <b>Às vezes acerta</b>. A coisa funciona mais ou menos assim:<br />
<br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSyc9jyvHdoRLdJtjWu8l7CCrLoLRXOoKEPehoKOxgttbWCxrlLHTae2jnPJeh_foIYVFEwYoP4OHS-piVG0c_Uujd1ys_QS10wW2mPH0Qf8mSdOAgPo60Lrbw3Nz1NQC0NNqQVg/s1600/tvguia-flux.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSyc9jyvHdoRLdJtjWu8l7CCrLoLRXOoKEPehoKOxgttbWCxrlLHTae2jnPJeh_foIYVFEwYoP4OHS-piVG0c_Uujd1ys_QS10wW2mPH0Qf8mSdOAgPo60Lrbw3Nz1NQC0NNqQVg/s640/tvguia-flux.gif" width="538" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiE0xzt9SYFm3VL9USJQZwg8VuafL_EDpgTlSbu8RCPYfZ0wpJSui6JCZz5zX-0hw5tgRt1WF8mSxGGakccuCGa97qmZmwGoJhbdzBO0pXjI3a-ejWdlh4fJflct1yUnBBZSsYxZw/s1600/ondeliisto2.png" imageanchor="1" style="clear: right; display: inline !important; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="191" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiE0xzt9SYFm3VL9USJQZwg8VuafL_EDpgTlSbu8RCPYfZ0wpJSui6JCZz5zX-0hw5tgRt1WF8mSxGGakccuCGa97qmZmwGoJhbdzBO0pXjI3a-ejWdlh4fJflct1yUnBBZSsYxZw/s400/ondeliisto2.png" width="400" /></a>Por vezes acontece ao contrário e as histórias até são verdadeiras e não são inventadas (OK, a maior parte del... metade d... algumas delas.). E nestas situações a TV Guia joga a sua carta de dentro da manga, que é simplesmente usar o facto de a TV Guia sair à Segunda e a Maria sair à Quarta (ou qualquer coisa do género, eu não compro as revistas, como é que querem que eu saiba?) para poder dizer que a segunda copiou pela primeira! Mais incrível ainda, chegam a acusar o DN de plágio por apresentar as notícias <b>no mesmo dia da revista</b>! <i>Really</i>????? Para quando um Onde Já Li Isto de um jornal que coloca as notícias no dia anterior ao da TV Guia, para o acusar de copiar, através de poderes psíquicos, as notícias no momento em que elas estão a ser escritas?</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Por fim, o conteúdo. Vamos lá ver, a acusação de plágio seria grave e pertinente se a TV Guia tivesse sido a primeira a reportar um escândalo de pedofilia, ou uma mudança de mãos do comando de uma das principais televisões, ou simplesmente o <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpPn3kdRGeOMWUU4NuiFkx05nzc1yh_yrqnMkr1AEHofQYDrU0EVMzlQLrnaF8ECvEU3qbDzFGIImkDQ48b8on6KFJSstQhJTx027rVi9MJeLDRrPPrx-jGF7RwJbLuzDm0GcH-A/s1600/ondeliisto4.png" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="221" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpPn3kdRGeOMWUU4NuiFkx05nzc1yh_yrqnMkr1AEHofQYDrU0EVMzlQLrnaF8ECvEU3qbDzFGIImkDQ48b8on6KFJSstQhJTx027rVi9MJeLDRrPPrx-jGF7RwJbLuzDm0GcH-A/s400/ondeliisto4.png" width="400" /></a>próximo projecto de um actor. Mas o que nos aparece é: "<b>Ai, nós fomos as primeiras a dizer que a Joana e o Eduardo se iam casar na novela das sete, perdão, da uma da manhã! A Maria só se lembrou disso dois meses depois!"</b> Sim, e? Mesmo para as pessoas que vêem a novela, não é um bocado chato ter revistas a andar por aí a contar o final da história? E mesmo para quem gosta de saber o final, pelo menos a Maria tem <i>timing</i>, coloca a previsão uma <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO0QNosW4bDZF2ue7f4LSsNYuqTaviScNhhZ00YXDkQPEMrpC6PFxIfXq64rVHeOhFrpBFCo4Pxi2Zm2XwU08As7TziCclsFPtdzLfB68quUpNUznvPowfEN39cmUR5qi5TJNtEg/s1600/ondeliisto5.png" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="195" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO0QNosW4bDZF2ue7f4LSsNYuqTaviScNhhZ00YXDkQPEMrpC6PFxIfXq64rVHeOhFrpBFCo4Pxi2Zm2XwU08As7TziCclsFPtdzLfB68quUpNUznvPowfEN39cmUR5qi5TJNtEg/s400/ondeliisto5.png" width="400" /></a>semana antes do acontecimento, e assim não fica esquecida. <b>"Ai que burras, só agora é que sabem que a Rita Pereira namora? Já há um mês que nós sabíamos que eles já moravam juntos!"</b> <i>Who cares?</i> Porque é que não deixam mas é a Rita Pereira em paz e vão escrever sobre programas de televisão, sobre <b>programas de televisão</b>, que é o que uma revista chamada TV Guia devia fazer?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não queria acabar sem mencionar o mais recente estado de tristeza e revolta de famosos como a Alexandra Lencastre, o Tony Carreira e a Luciana Abreu. Sentem-se desprezados, e não é para menos. Desde que a Casa dos Segredos arrancou na TVI, nunca mais foram vistos, pois <b>não há uma capa da TV Guia desde o início do programa </b>(já lá vão 10 semanas!) <b>que não seja de um concorrente do mesmo</b>. Cheira-me que vamos ter um processozinho colectivo...</div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-28556522939433484142010-11-23T23:07:00.007+00:002011-01-08T14:10:02.422+00:00Disponha ponha ponha ponha!<div style="text-align: justify;">Apresento-vos o verbo <b><a href="http://priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx/abreviaturas.aspx?pal=dispor">dispor</a></b>:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">(latim <i>dispono</i>,<i> -ere</i>, pôr em diferentes lugares)</div><div style="text-align: justify;"> <i>v. tr.</i></div><div style="text-align: justify;"><i> </i>1. Pôr por ordem.</div><div style="text-align: justify;"> 2. Pôr em ordem.</div><div style="text-align: justify;"> 3. Ordenar, mandar.</div><div style="text-align: justify;"> 4. Resolver, preparar.</div><div style="text-align: justify;"> 5. Plantar.</div><div style="text-align: justify;"> <i>v. intr.</i></div><div style="text-align: justify;"> 6. Testar; ordenar em testamento.</div><div style="text-align: justify;"> 7. Ter à sua disposição.</div><div style="text-align: justify;"> 8. Ser o senhor.</div><div style="text-align: justify;"> 9. Regular por lei ou ordem.</div><div style="text-align: justify;"> 10. Prescrever o uso (que se há-de fazer de).</div><div style="text-align: justify;"> 11. Servir-se, utilizar-se.</div><div style="text-align: justify;"> 12. Deixar à disposição (de outrem).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Gostamos de dispor quando queremos dispor as fichas por ordem alfabética, dispor os livros na estante por autor, dispor os DVD's por ordem cronológica de realização do filme. Também gostamos de uma casa que dispõe de lareira e cozinha equipada, um carro que dispõe de ar condicionado, etc.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Gostamos de estar bem (embora às vezes fiquemos mal) dispostos, gostamos de estar dispostos a arriscar, gostamos de ter disposição para fazer as coisas que temos de fazer. Gostamos de estar à disposição dos outros, e gostamos de ter alguém à nossa disposição quando precisamos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tudo bem até agora? Então pergunto agora se gostamos de <b>dispor</b>. Dispor de quê? Dispor o quê? Dispor. Mas de quê? Não sei, de nada... <b>Simplesmente, dispor</b>.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tipo, estás ali, numa boa, sentado a fumar um cigarro e a dispor. E chegam ao pé de ti e perguntam, "<b>é pá, estás a dispor?</b>" E tu, "<b>é pá, estou.</b>" E eles, "<b>é pá, vê lá, não disponhas muito, e tal</b>" E tu, "<b>ó pá vai-te lixar, eu disponho aquilo que eu quiser! Andor!</b>" e coisas do género.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Faz sentido? Não? Não sei, deixo isso à vossa disposição. <b>O que é certo é que acontece</b>. Basta irem a uma loja de roupa e começarem a vasculhar, que aparece logo uma rapariguinha simpática que diz:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>- Se precisar de alguma coisa, é só chamar.</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Hã? Espera, não é isso que ela diz. O que ela diz é isto:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>- Se precisar de alguma coisa, estou à sua disposição.</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Aaa não, também não é bem isso. Isto é que ela diz:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>- Se precisar de alguma coisa, <b>disponha</b>.</i></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Pois, era mesmo isto.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Disponho o quê? As roupas por cor? Por tamanho? Disponho as roupas que pretendo em cima da mesa? Disponho os meus pedidos de ajuda ao balcão? Disponho num quadro branco as coisas de que preciso? Disponho o quê? Disponho de quê? De nada... simplesmente, disponho.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A menos que... a menos que o que ela quer dizer seja "Se precisar de alguma coisa, <b>disponha de mim</b> para aquilo que precisar". Mas isto não será abusar um bocado da rapariga? Coitada...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Bem... para alguma coisa meti a definição de dispor lá em cima. Deixa-me cá dispor as várias alternativas, eh eh. Saltamos os <i>v. tr.</i> porque esses não são de certeza (plantar?!). Ora vejamos... número 6: "Se precisar de alguma coisa, <b>ordene-a em testamento</b>". Não... Número 7: "Se precisar de alguma coisa, <b>está à sua disposição</b>". Mas não, não está à disposição, senão não precisava da rapariga... Número 8: "Se precisar de alguma coisa, <b>você é o senhor</b>". Bem, fico lisonjeado, mas lá voltamos à história dos abusos... Número 9: "Se precisar de alguma coisa, <b>ponha-a por ordem</b>". Mas como é que eu ordeno só uma coisa? Número 10: "Se precisar de alguma coisa, <b>usa-a depois</b>". Hã?!!! Número 11: "Se precisar de alguma coisa, <b>sirva-se</b>". Olha, que mal educada, então não vem ajudar-me? Enfim... Número 12: "Se precisar de alguma coisa, <b>deixe-a à minha disposição</b>". Hum, mas é suposto ela estar à minha disposição ou a coisa estar à disposição dela? Eu é que estou a ficar mal disposto...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Bem, para abreviar, depois de muito pensar no assunto acho que percebi. O que ela diz, na verdade, é "Se precisar de alguma coisa, <b>diz "ponha"</b>". Ah, e assim percebe-se! Claro! Faz todo o sentido! Portanto já sabem, se precisarem de ajuda numa loja é só começarem a gritar: PONHA! PONHA! POOOONNHAAA!</div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-80227436284934864072010-10-26T01:24:00.002+01:002010-12-04T00:09:58.394+00:00Quem quer ser capa da TV Guia? (Parte 1)<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">(o primeiro artigo deste blog que já se sabe à partida que vai ter <a href="http://jotalog.blogspot.com/2010/12/quem-quer-ser-capa-da-tv-guia-parte-2.html">uma segunda parte</a>. Quem é amigo, quem é? Enjoy.)</span><br />
<br />
Lembram-se de quando a TV Guia era assim?<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj66aakstevfWdXBUSRbvh0WaI_6EcqiCVPhpS5HPimdPYpi1w7ei_5qn-Rn38peYjP8f1Q5L4ZDe_eMiZbswXCW3CVQqIZH5v3Vr5hyRH3zSS0R1TUbfHiKp_6UeSVrWtONE_TMg/s1600/tvguia-old.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj66aakstevfWdXBUSRbvh0WaI_6EcqiCVPhpS5HPimdPYpi1w7ei_5qn-Rn38peYjP8f1Q5L4ZDe_eMiZbswXCW3CVQqIZH5v3Vr5hyRH3zSS0R1TUbfHiKp_6UeSVrWtONE_TMg/s320/tvguia-old.jpg" width="240" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;">Bons tempos, bons tempos, em que havia uma revista que nos dizia o que ia dar na TV. Pois. Agora, a TV Guia é assim:</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3TbIdNuOybU63Z1Rlu4nn9QXX-eA7TAge8tBztHXNAXe0-nVSZRnm5RcgoNwbDY8SIAvW1z1xmDnQSnMwcYXv64d5FHyOO6DeAwQ1yA6mjs2EiDb1bZ5JPmINJzBvrnksQcvyyQ/s1600/tvguia-alex.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3TbIdNuOybU63Z1Rlu4nn9QXX-eA7TAge8tBztHXNAXe0-nVSZRnm5RcgoNwbDY8SIAvW1z1xmDnQSnMwcYXv64d5FHyOO6DeAwQ1yA6mjs2EiDb1bZ5JPmINJzBvrnksQcvyyQ/s320/tvguia-alex.jpg" width="232" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;">Não sei em que ponto é que a TV Guia deixou de ser a revista de referência da programação da TV para passar a ser uma revista cor-de-rosa igual a tantas outras. A certa altura devem ter pensado "<b>é pá, as revistas da concorrência ganham rios de dinheiro a contar as aventuras da Rita Pereira com o Angélico e nós aqui com entrevistas ao Tarcísio Meira!</b>" e pimba! lá se passaram para o lado do cor-de-rosa (e sim, o "pimba" foi intencional). No entanto, não quiseram fazer uma simples passagem para o cor-de-rosa, quiseram fazer algo em estilo. Uns convites ao <b>Carlos Castro</b> e ao <b>José Castelo Branco</b> para comentar, o achincalhar das revistas da concorrência, a contratação de uma dúzia de <b>amigos do casal</b> que estão sempre prontos a contar os pormenores mais sórdidos das celebridades... enfim, mas quanto ao conteúdo deixo-o para a segunda parte. Desta vez quero falar de um pormenor com que a TV Guia levou o cor-de-rosa ao rubro, algo que foi afinado ao pormenor e que é sempre perfeitamente executado, semana após semana: <b>as capas enganosas</b>.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Antes de mais, voltemos ao título deste artigo: querem ser capa da TV Guia? É muito fácil, para ser capa da TV Guia, só é preciso ter uma destas quatro coisas:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><ul><li style="text-align: justify;"><b>Ser a Alexandra Lencastre</b>, ou</li>
<li style="text-align: justify;"><b>Ser o Tony Carreira</b>, ou</li>
<li style="text-align: justify;"><b>Ser a Rita Pereira ou a Luciana Abreu</b>, ou</li>
<li style="text-align: justify;"><b>Ser famoso e estar envolvido numa espécie de escândalo que a ser escândalo nem seria assim grande coisa mas no final de contas nem sequer é verdade.</b></li>
</ul><div><div style="text-align: justify;">É impressionante o apreço que a TV Guia tem pela Alexandra Lencastre e pelo Tony Carreira, porque volta e meia lá aparecem eles outra vez na capa. Pelo menos uma vez em cada dois meses é garantida. A Rita Pereira é também uma celebridade emergente nesta revista: no mês de Junho, <b>foi capa em três das quatro revistas</b> que foram lançadas. Parecem ser aquelas pessoas que estão sempre lá e se vão buscar quando não há mais nada de especial no mundo cor-de-rosa... <b>"Esta semana não se passa nada, o que é que se há-de fazer? - É pá, olha, mete-se a Alexandra Lencastre e diz-se que está deprimida."</b></div></div><div><div style="text-align: justify;"><b><br />
</b></div></div><div><div style="text-align: justify;">Mas o que vem a ser isto das capas "enganosas"? É assim, não é que a TV Guia esteja propriamente a mentir na capa, mas digamos que... olhem, vou-vos dar um exemplo dos mais recentes:</div></div><div><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNhhK-fePWXbxVlTetuT5KCfa5-1b37TnGFdmMtBZY9aCtQOwiSU18J2GK6KKkRyFzeNRcv1C72w02IBk_l2eZTcMG9jGRRWuR12VP_KNCuOcIV_iQXyz7g7vAQ4lbKd6oaN2k7A/s1600/tvguia-julia1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNhhK-fePWXbxVlTetuT5KCfa5-1b37TnGFdmMtBZY9aCtQOwiSU18J2GK6KKkRyFzeNRcv1C72w02IBk_l2eZTcMG9jGRRWuR12VP_KNCuOcIV_iQXyz7g7vAQ4lbKd6oaN2k7A/s320/tvguia-julia1.jpg" width="232" /></a></div><div><br />
</div><div><div style="text-align: justify;">Eh lá! A Júlia Pinheiro casou-se? Em segredo? Com quem? Então mas ela não era já casada? É pá, que escândalo, vou já comprar a revista para saber tudo!</div></div><div><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div><div style="text-align: justify;">E assim, depois de folhear a revista de uma ponta à outra e encontrar a história quase na última página, descobre-se afinal que <b>quem se casou em segredo foi a enteada da Júlia.</b> Mentiram na capa? Não! Ali só diz "Casamento em Segredo", não diz quem é que se casou!</div></div><div><div style="text-align: justify;"><br />
</div></div><div><div style="text-align: justify;">Não sei quem tem as ideias para estas capas mas isto são golpes de génio. Incentiva-se o leitor a comprar a revista por um escândalo bombástico para o fazer depois descobrir que não há escândalo nenhum, e não é nada de especial. Mostro-vos outros exemplos a seguir:</div></div><div><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdNiFZtpLDTlYK1zAap3fPo9YmIrSFNSJ8F6H2JydVUADOWSaZfVgg2EDCR0rGHMnuCwlftH36YCmkjUO5GGyyUm-o9xT3F_h90dxU-tNxv6EFd9dWuIEYRShcX3tTGbZ_H3jYHA/s1600/tvguia-tony1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdNiFZtpLDTlYK1zAap3fPo9YmIrSFNSJ8F6H2JydVUADOWSaZfVgg2EDCR0rGHMnuCwlftH36YCmkjUO5GGyyUm-o9xT3F_h90dxU-tNxv6EFd9dWuIEYRShcX3tTGbZ_H3jYHA/s320/tvguia-tony1.jpg" width="232" /></a></div><div><div style="text-align: justify;">As fans do Tony Carreira devem entrar em pânico com notícias destas. Oh meu Deus, o Tony Carreira doente, e agora como é que eu vou ver os concertos dele? Não se preocupem, as letras miudinhas da capa dizem que ele está arrasado mas a doença não é dele, é do seu amigo Ricardo Landum...</div></div><div><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZV_Q50z4KPYO_bt28qpDoPR6eV5VE3rFC9-Bk5aAqO2_wSCIPcJfkuoXQf9hiQWjvl870cHD_noYwxNdfbBoZyhKyi3v4NRgjR-C9SaxHBpfyVN_ysx5bfZPIc7OJZKrYnqEHZQ/s1600/tvguia-tony2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZV_Q50z4KPYO_bt28qpDoPR6eV5VE3rFC9-Bk5aAqO2_wSCIPcJfkuoXQf9hiQWjvl870cHD_noYwxNdfbBoZyhKyi3v4NRgjR-C9SaxHBpfyVN_ysx5bfZPIc7OJZKrYnqEHZQ/s320/tvguia-tony2.jpg" width="232" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;">Pobre Mickael, um rapaz explorado pelo pai, que o obrigou a servir às mesas em Paris para que o filho soubesse o que custa a vida! Mas afinal... o emprego <b>durou apenas duas semanas</b>, e foi o próprio Mickael que quis ir trabalhar, o pai limitou-se a aceitar a decisão dele...</div><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTBoXU3PKQqWMm8TJAi1G4kw4AD8PhwUU8Rn1RyCgJqCl5l2RlN-U4BCSzbkzPgfUjWju-DSSYkoM2RYVADUTgKGm9edLUPjqC7WxKni-aW0aj_Iqannbn2d12J-CQ0_7O29yOSg/s1600/tvguia-julia2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTBoXU3PKQqWMm8TJAi1G4kw4AD8PhwUU8Rn1RyCgJqCl5l2RlN-U4BCSzbkzPgfUjWju-DSSYkoM2RYVADUTgKGm9edLUPjqC7WxKni-aW0aj_Iqannbn2d12J-CQ0_7O29yOSg/s320/tvguia-julia2.jpg" width="232" /></a></div>Cá está a nossa Júlia Pinheiro outra vez... Sozinha em férias? Coitada... Mas nas páginas interiores só aparecem fotos dela em férias com... o marido! Estranho, não percebi... o marido não é ninguém?!<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHvPSqj3rxVXNKnF8Ogm6ySZ0M0Bgyvb-MlYYX_pZFPFydQC8wcFvGbWVBsujo6vcYC3blPSJjxfW6-BH87KrfqoyKSzxPeraunJi8m8RPFR3UoGmle2LxxXuMpchBoQ8fk4Hicg/s1600/tvguia-tony3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHvPSqj3rxVXNKnF8Ogm6ySZ0M0Bgyvb-MlYYX_pZFPFydQC8wcFvGbWVBsujo6vcYC3blPSJjxfW6-BH87KrfqoyKSzxPeraunJi8m8RPFR3UoGmle2LxxXuMpchBoQ8fk4Hicg/s320/tvguia-tony3.jpg" width="232" /></a></div><div style="text-align: justify;">Falando em férias, o nosso Tony também não está muito bem neste aspecto. Pai solteiro? Que aconteceu à mulher? Separado? Oh, o drama, o horror... O que vale é que <b>é só por um mês</b>, porque a mulher tem de ficar a trabalhar.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN-GCUSgphevcex9axwIUqpCBUjL3HocafpFJUfsbuKojTk6nGtxQnd-CMJUE6U1G1_xbgZZq6WYGkoK56CfiRtqZg-Se6VXNb4JHVy_6IxebvQBJRZBGp8C7A6nQerEygPBvOMw/s1600/tvguia3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN-GCUSgphevcex9axwIUqpCBUjL3HocafpFJUfsbuKojTk6nGtxQnd-CMJUE6U1G1_xbgZZq6WYGkoK56CfiRtqZg-Se6VXNb4JHVy_6IxebvQBJRZBGp8C7A6nQerEygPBvOMw/s320/tvguia3.jpg" width="244" /></a></div><div style="text-align: justify;">E por fim, não posso deixar de meter esta, que está espectacular. Tony Carreira Perde o Filho. Perde? Como? A mulher estava grávida e abortou? Um dos seus filhos morreu? Não, <b>vai para Itália fazer de modelo e jogar futebol</b>... Só me faz lembrar este <a href="http://www.youtube.com/watch?v=mTvxb8_68lA">sketch dos Gato Fedorento</a> em que o gajo também tem um filho que lhe morreu...</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Por fim, deixo só mais alguns de que me lembro mas que já não encontrei para colocar aqui. Uma delas, também com o Tony Carreira, dizia qualquer coisa como <b>"Tony Carreira Sofre Por Doença"</b>, quando afinal era uma doença que ele já tinha tido, e pela qual já tinha sofrido, <b>há 20 anos</b>. A segunda já não me lembro de quem era, mas na capa estava escarrapachado <b>"<celebridade> Fala Sobre A Sua Homossexualidade"</b> para depois nas páginas interiores se ler <b>"Não Sou Homossexual"</b>.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Nota: é possível que haja pessoas incomodadas pelo facto de eu falar apenas na TV Guia e não nas revistas da concorrência, talvez até a própria TV Guia leve a mal o facto de eu não fazer o "contraditório" com os restantes magazines do cor-de-rosa. A esses respondo-lhes apenas <b>que tem a TV Guia muita sorte por a minha mãe, mesmo assim, continuar a comprá-la</b>, em vez de uma qualquer das outras.</div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-86642494214279473142010-10-02T11:47:00.004+01:002011-08-02T01:58:18.878+01:00Santinho não... santão!<div style="text-align: justify;">Serei só eu que acho ridículo que se diga "Santinho" às pessoas adultas quando elas espirram? O que é que isto quer dizer? Ou melhor, <b>porque é que o santo é tão pequenino, afinal?</b> Porque, OK, percebe-se que se diga "Santinho" aos pequeninos, porque olhamos para a cara deles e (a maior parte das vezes) é mesmo isso que eles parecem. Agora a um adulto...</div><br />
<div style="text-align: justify;">Penso que é claro que ao dizermos "Santinho" <b>estamos efectivamente a chamar santinho à pessoa que espirrou</b>, por isso é que dizemos Santinho aos homens e Santinha às mulheres. A alternativa seria estarmos a invocar um qualquer santo que fosse igual em género ao do nosso interlocutor, mas não me parece que assim seja, até porque talvez um homem preferisse que se invocasse uma santa e vice-versa (que diriam os homossexuais e os travestis?), que confusão que não seria. Portanto, admitindo que lhes estamos a chamar Santinhos, <b>porque não lhes chamar Santos a partir do momento em que fazem 18 anos?</b> Ou então Senhor Santo, a partir dos, sei lá, 40?</div><br />
<div style="text-align: justify;">É um bocado parecido com o facto de dizermos "para o menino" quando cantamos os parabéns a uma pessoa adulta. Mas aí sabemos que o fazemos de forma consciente (aliás, aqueles que tentam "manter as aparências" e dizer "para o senhor" no meu entender ficam mais mal que bem). Há até quem seja apologista de que quem faz anos é "bebé" no dia do seu aniversário. Chamar "menino" a uma pessoa adulta, conscientemente, no dia do seu aniversário, é fazer-lhe um elogio, é fazê-lo voltar aos seus tempos de infância, e portanto, quanto a isso não tenho nada contra.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas <b>o "Santinho" é involuntário</b>, é uma expressão que proferimos quase por reflexo, sem pensar nas consequências dos nossos actos. "Santinho" era algo que os nossos pais nos diziam desde pequeninos, que ficou gravado na nossa mente e que continuamos a usar com toda a gente na falta de uma expressão melhor. Não temos nada do nível de um "<b>Bless You!</b>" anglo-saxónico (algo parecido com "Deus te abençoe" quando traduzido à letra). Aliás os próprios estrangeiros, ao aprender português (já para não falar dos lusófonos do Brasil) têm dificuldade em perceber a expressão "Santinho/Santinha", substituindo-a frequentemente por "<b>Viva</b>" ou "<b>Saúde</b>", alternativas que não convencem (ninguém aqui diz "Saúde" assim do nada, e "Viva" é mais uma forma de cumprimento) mas mesmo assim são mais dignas. Outros, já portugueses, têm as suas próprias alternativas, que no fundo expõem o ridículo da situação, casos, por exemplo, de "<b>Diabinho</b>" ou "<b>Nunca fostes</b>" (sic).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E depois há também casos em que, além de ridícula, a expressão é desconfortável ou mesmo injusta, quando nos apercebemos que estamos a chamar santinho a alguém de quem não gostamos ou mesmo que, na nossa opinião, é tudo menos um santo. Imaginem dois lutadores de boxe naquelas conferências de imprensa que antecedem o combate:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- Este senhor que tenha cuidado comigo, porque no combate vou dar cabo dele.</div><div style="text-align: justify;">- Eu não tenho medo, pá, bates como uma menina!</div><div style="text-align: justify;">- Bato o quê? Queres ver se queres levar já!</div><div style="text-align: justify;">- Anda cá, menina, que eu não tenho medo!</div><div style="text-align: justify;">- É pá, eu parto-te todo, eu dou cabo de ti!</div><div style="text-align: justify;">- Anda cá, anda cáaaaa... atchim!</div><div style="text-align: justify;">- Santinho.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Pensem bem nisto. Chamariam santinho ao colega que foi promovido não por trabalhar de forma exemplar, mas por passar o tempo a dar graxa ao patrão e a falar mal dos outros? Chamariam santinha à colega coscuvilheira, que sabe tudo da vossa vida, vá-se lá saber como, e não se inibe de a contar a quem quer que seja que lhe apareça pela frente? Então e aquele senhor com ar de cinquentão, cabelo grisalho e nariz abatatado, que nos pede sempre para fazer sacrifícios mas depois não cumpre o que prometeu? Que lhe diriam a ele quando espirrasse? Tem que haver uma outra expressão. Tem que haver uma alternativa.</div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-69745023440864275502010-09-16T01:49:00.001+01:002010-09-19T23:10:30.049+01:00O computador não me deixa...<div style="text-align: justify;">Digam o que disserem, a informatização da função pública foi uma bênção divina para a população em geral. O Sócrates pode ser um vigarista, um incompetente, ou mesmo um vigarista incompetente, mas dessa mente burra e conspurcada saiu a ideia do Simplex, que para muitos é a melhor coisinha que já lhes aconteceu.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A começar pelos próprios funcionários públicos (e aqui advirto que vou usar o estereótipo do funcionário público, admitindo no entanto que nem todos os funcionários públicos são assim - embora você, que é funcionário público e depois de ler este artigo o irá achar escandaloso e atentador do seu orgulho e dos seus direitos como funcionário público, esteja provavelmente inserido neste grupo). Para já a ideia de usar computadores leva logo à conclusão de que será necessário fazer menos, o que é sempre uma mais-valia. Depois, têm que gastar tempo em formações nos referidos computadores e respectivo software, tempo esse que assim não gastam a trabalhar e que no fundo é bem passado porque toda a gente sabe que nas formações não se passa nada. Mas o golpe de génio é que a informática veio dar aos funcionários públicos a melhor desculpa possível para serem mesmo mauzinhos e não ceder numa vírgula aos pedidos extraordinários dos seus clientes (ou contribuintes, ou cidadãos). A desculpa do "<b>o computador não me deixa</b>".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Imaginemos um caso prático. No centro de saúde, um senhor quer passar à frente dos outros porque "só vai pedir umas análises e tem que apanhar um avião ao meio dia". OK, não é grande exemplo, mas ficamos com este. Nos tempos em que não havia computadores, a secretária tinha que lhe dizer que isso não era justo para os outros doentes, que alguns deles também podiam querer só pedir análises (embora soubesse de antemão que nenhum deles queria), enfim, o homem não ia ficar satisfeito, ia haver discussão, a coisa só se resolvia por exaustão ou por cedência da secretária. Mas agora é tudo muito mais fácil para a secretária, basta ela fazer a cara mais inocente do mundo, e dizer "<b>Olhe, se fosse por mim você até passava para a frente, mas o computador não me deixa...</b>". O homem, incrédulo, perguntava "então e não pode fazer nada?" e ela virava o monitor para ele, com a lista de doentes e dizia "Está a ver? Só consigo acrescentar o seu nome aqui em baixo, não dá para o meter no meio. Isto está mesmo feito para não deixar ninguém passar à frente". E o pobre do doente desistia e ia-se embora a praguejar contra os facínoras dos informáticos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Aliás vê-se nesta expressão como os funcionários públicos vêem a sério o seu trabalho. É curiosa a inclusão do <b>me</b> em "o computador não <b>me</b> deixa", como se o computador tivesse uma aversão especial em relação àquele funcionário, que não o deixasse fazer a operação porque era <b>aquele</b> funcionário e não outro qualquer. Para o funcionário, é como se ele tivesse uma relação pessoal com aquele computador, que às vezes é teimoso e caprichoso e não o deixa fazer o que quer. Para nós, por outro lado, dá vontade de responder "<b>então passe o computador ao seu colega, pode ser que o deixe a ele!</b>".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Devo dizer também que isto não se aplica só a funcionários públicos. Já vi muitos funcionários de empresas privadas a dizer o mesmo. Mas talvez os funcionários públicos (e ressalvo novamente que estou a falar do estereótipo) tenham maior prazer em utilizar a desculpa da teimosia do computador. O que, apesar de tudo, é um mito. Sim, como programador de software de gestão, posso afirmar que <b>a ideia generalizada do "o computador não me deixa" é falsa</b>. Isto porque - e salvo as operações que são mesmo proibidas por lei - para cada operação que suscite a desculpa do "computador não me deixa" há quase sempre, no menu de opções avançadas, <b>uma opção que diz, basicamente, "deixar fazer o que o cliente quer"</b>, ou até uma outra forma mais fácil de contornar a coisa. Se ao menos os funcionários estivessem mais atentos nas formações...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por fim, não quero fechar este artigo sem deixar de referir o estado de evolução da informatização da função pública, que vai no sentido de tornar os próprios funcionários públicos em autómatos. Alguns já começam a conversão, através de outra expressão muita corrente nos dias de hoje, que é a expressão do "<b>tem que tirar a senha</b>":</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">- Bom dia, eu queria pagar esta factura...</div><div style="text-align: justify;">- Primeiro tem que tirar a senha.</div><div style="text-align: justify;">- Mas... não está aqui mais ninguém!</div><div style="text-align: justify;">- Meu senhor, não o posso atender sem antes tirar a senha.</div><div style="text-align: justify;">(vou para tirar a senha, mas entretanto outra pessoa chega e tira a senha primeiro que eu)</div><div style="text-align: justify;">PIIII PIIII</div><div style="text-align: justify;">- Cinquenta e quatro!</div><div style="text-align: justify;">- Olhe, mas eu estava aqui primeiro que este senhor!</div><div style="text-align: justify;">- Qual é o número da sua senha?</div><div style="text-align: justify;">- É o cinquenta e cinco. Mas...</div><div style="text-align: justify;">- Ainda vou no cinquenta e quatro. Tem que aguardar até chamar o seu número.</div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-44648820193272280952010-09-07T00:47:00.000+01:002010-09-07T00:47:25.987+01:00A maior invenção de todos os tempos<div style="text-align: justify;">Uma pergunta de algibeira: qual é a maior invenção de todos os tempos? Que é que me dizem? A roda? A electricidade? A Internet? O <a href="http://jotalog.blogspot.com/2010/04/top-10-dos-artigos-mirabolantes-do.html">porta-banana</a>?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não, meus amigos, a maior invenção de todos os tempos é isto:</div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQbjPwk4CVsSKi0uC0srDkpbk6Pz6OI3qbPu3V9hyphenhyphenAzI3mYjv2cGBDT3dOQElnzsGGD5gjsXHAIe6RgsGXSXNQShsAnOoPTMycFH3B5D6kaQexy0gvoR91tU7qWG87iyFB3o4wSA/s1600/Brass_Zipper.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="96" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQbjPwk4CVsSKi0uC0srDkpbk6Pz6OI3qbPu3V9hyphenhyphenAzI3mYjv2cGBDT3dOQElnzsGGD5gjsXHAIe6RgsGXSXNQShsAnOoPTMycFH3B5D6kaQexy0gvoR91tU7qWG87iyFB3o4wSA/s320/Brass_Zipper.jpg" width="320" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;">Os anglófonos chamam-lhe <i>zipper</i>. Nós preferimos ser finos como os franceses e chamar-lhe <i>fecho éclair</i>. Como invenção, o fecho éclair é genial. É como o ovo de Colombo elevado ao cubo (o conceito, não o ovo em si, embora deixe à vossa imaginação o que significaria esta frase em sentido literal).<br />
<div style="text-align: right;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlo4n5EdKL1c-_4u4vTE0NAui6Fh-jqYfvevZ86ScfAXhfmEVrBt1uhtw-Xm9C9-mKg_n8HvKtscwV4DBVyONIJz6-LE8wy7YkhqSXMlaKmrcX6_DsNUTeV969ZfwU-0N-_8as3Q/s1600/zipper+components.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="230" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlo4n5EdKL1c-_4u4vTE0NAui6Fh-jqYfvevZ86ScfAXhfmEVrBt1uhtw-Xm9C9-mKg_n8HvKtscwV4DBVyONIJz6-LE8wy7YkhqSXMlaKmrcX6_DsNUTeV969ZfwU-0N-_8as3Q/s320/zipper+components.jpg" width="320" /></a></div>Vendo-o bem de perto, parece algo muito complicado, com aqueles ganchos a entrelaçar-se uns nos outros (quem já não tentou entrelaçá-los manualmente, acabando por desfazer tudo novamente no processo?), mas aquela pecinha que corre entrelaça-os na perfeição com toda a facilidade. É um sistema altamente complexo, e no entanto, ridiculamente simples.<br />
<br />
Usar roupa com fecho éclair é andar com uma peça da mais elevada tecnologia. Aquilo é rápido a abrir e a fechar, é fácil de usar e é tão resistente que nos perguntamos como é que aqueles dentinhos entrelaçados uns nos outros aguentam sem se desfazerem (a não ser que se estrague, o que, há que admiti-lo, acontece de vez em quando). Ter um casaco que se abre com fecho éclair é como ter uma daquelas portas que se abrem sozinhas como na nave <i>Enterprise </i>do Caminho das Estrelas. Uma mala de viagem fechada com fecho éclair é tão ou mais resistente como se tivesse sido soldada a <i>laser</i>, embora ainda mais rapidamente. É sem dúvida o objecto que mais se aproxima da perfeição, basta ver que o fecho éclair já existe <a href="http://www.thomasnet.com/articles/hardware/zipper-history">desde 1913</a> na mesma forma como o vemos hoje.<br />
<br />
É por isso que não entendo porque é que a certa altura do nosso desenvolvimento decidimos trocar isto:<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcZgqVSfNNP5AU6LSuLJY0JyYYVb4srDUtOVi27izKKLkN5fvM3AvTUX1k5O851NK8MdcgjErqWH0WWGnFLKl553hl47k18LBhcB8Ru_4ZK6J0Z1XJNzm5PFhEwccDO06SREbkTA/s1600/YKK_Zipper_on_Jeans.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcZgqVSfNNP5AU6LSuLJY0JyYYVb4srDUtOVi27izKKLkN5fvM3AvTUX1k5O851NK8MdcgjErqWH0WWGnFLKl553hl47k18LBhcB8Ru_4ZK6J0Z1XJNzm5PFhEwccDO06SREbkTA/s200/YKK_Zipper_on_Jeans.JPG" width="200" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Por isto:</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEqa6WG5xbp6CVch4g3sr_VP_CNI81MOXaS1YCE_C3FgPisNJ_5GjTsJfOSegTv1vlq8g-HtnM-Zz5KvGfa7Y3F5x0k0KsX5Tp79Vg7FOG6enSF53RrsU9iMKvYiol86qnLM-_HQ/s1600/2739158375_f882227d5e.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEqa6WG5xbp6CVch4g3sr_VP_CNI81MOXaS1YCE_C3FgPisNJ_5GjTsJfOSegTv1vlq8g-HtnM-Zz5KvGfa7Y3F5x0k0KsX5Tp79Vg7FOG6enSF53RrsU9iMKvYiol86qnLM-_HQ/s200/2739158375_f882227d5e.jpg" width="150" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Como é que é possível que tenham voltado a colocar botões no fecho das calças? Isto, meus amigos, é um retrocesso na nossa tecnologia! Para que é que, tendo algo tão tecnologicamente avançado como o fecho éclair, fomos andar para trás no tempo e voltar a colocar botões? É como se um belo dia um estilista acordasse e dissesse: <i>Sabem o que é que era mesmo fixe? É que as televisões voltassem todas a ser a preto e branco! É pá, era tipo uma moda, a malta jovem ia gostar daquilo, ia ser uma loucura! </i>E o pior é que isto entrou na moda de tal maneira que as calças com fecho éclair praticamente desapareceram. Ultimamente, sempre que entro numa loja de <i>jeans</i> peço calças com fecho éclair, para ouvir de todas as vezes que já não há, que já não existem. Ao menos que nos dessem a alternativa, não?</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Qual é a vantagem de ter botões no fecho das calças? Aquilo demora que tempos para abotoar, e é uma chatice quando é para desabotoar e voltar a abotoar só os botões do meio e deixar o de cima. Depois, para facilitar, abrimos só dois ou três botões para termos um mínimo de espaço para pôr a coisa cá para fora, e depois, claro, ficamos com a coisa apertada, uma coisa desconfortável até dizer chega. Com o uso, as casas dos botões vão-se desgastando e o segundo botão de cima acaba por andar sempre desabotoado. Uma lástima. E imagino a vergonha que é recompormo-nos depois de nos dizerem que temos a braguilha aberta: com fecho éclair fazemos simplesmente: <i>Eia, pá, pois, é... ziiiip... já está.</i> Com botões: <i>Eia, que cena, ora deixa cá ver, agora entra este, agora vai este, agora vai eeeeste... este não quer entrar... aaaahhh... já está... espera, abriu-se um... espera aí... está.</i></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><i><br />
</i></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Um mundo que troca a alta tecnologia por uma coisa tão retrógada como um botão. Depois queixam-se que o país não anda para a frente. A sério que não percebo. Só se for por causa de situações como esta...</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><object height="340" width="560"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/Ek3XKF2GcjE?fs=1&hl=pt_PT"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/Ek3XKF2GcjE?fs=1&hl=pt_PT" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="560" height="340"></embed></object></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><br />
</div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18959369.post-58838025977383542392010-08-28T00:19:00.001+01:002010-08-28T00:20:39.797+01:00Jotalog no Facebook<div style="text-align: justify;">Bem, o Jotalog já estava no Facebook... mais ou menos. Tinha um botão de Share no cantinho que ninguém sabia para que servia. Agora tem um botão de <b>Like/Gostar/Curtir</b> que é muito mais cool/fixe/bacana! E tem um novo design e uma nova página no Facebook para acumular fãs. Espero que gostem! (ou curtam. ou like.)</div>João http://www.blogger.com/profile/01361505128788097243noreply@blogger.com0