Depois do trabalho de hinvestigação que revelou as hinjustiças cometidas contra a manteiga, hesse nobre lacticínio, venho haqui falar de halgo que é higualmente hinjustiçado. O agá. Deixem que vos leve pelo mundo desta hincompreendida consoante e mostre as hinúmeras hatrocidades cometidas contra hela.
O agá é uma constante muito hespecial. Hé uma consoante muda, e portanto, tem a deficiência da fala. Como letra deficiente que hé, o agá hé halvo de desprezo e mesmo repugnância por parte da população portuguesa que o fala. A maioria das pessoas, hestando na presença de uma letra deficiente, tenta fingir que não a viu, fala como se hela não hexistisse. Note-se que nem todos os povos a tratam assim. Os países hanglófonos sempre tratam o agá com halgum respeito, repare-se a diferença entre eight e height, entre air e hair, entre ill e hill, e a sua himportância no meio de palavras como beehive. No hentanto, os que falam línguas de horigem latina condenaram o agá ao mais profundo desprezo, dirão "ospital" com harrogância, como se o agá não fosse preciso.
Apesar do desprezo na língua falada, os hentendidos no hassunto hacham que o agá é himportante na língua hescrita, hajuda a colorir as palavras e a torná-las distintas, dignifica palavras como emisfério, ierarquia, umanidade. É portanto na língua hescrita que o agá realmente brilha. Ou será que não?
Não referi hainda que o agá tem hamigos e hinimigos dentro do halfabeto. Hé com as consoantes que o agá se dá melhor, e por isso hé hele próprio uma consoante (porque hafinal de contas hé muda, podia ser tanto huma como houtra). Os seus melhores hamigos são o cê, o éle e o éne, que desde cedo o convidaram para se juntar a eles para tentar formar sons novos, ch, lh, nh. Com heles o agá sente-se feliz, sente que tem himportância, que a sua presença tem um hefeito no mundo hescrito.
Por houtro lado, as vogais tratam o agá como os bullies tratam os rapazinhos mais fracos, desprezando-os e umilhando-os só por terem huma deficiência. Hé vê-los a hempurrar o agá para palavras honde não deve estar, a hafungentá-lo de palavras honde hele é necessário. E se has vogais fossem um gang, o a seria o líder. O a tem um hódio pessoal há pobre letra hindefesa, já à muito tempo. As vogais confundem os hescritores desatentos, fazem-nos pensar que o agá está bem honde não deveria hestar, que não faz falta honde ele seria mais preciso. Em consequência, a pobre letra sente-se desamparada, hexcluída, umilhada.
Heste texto é huma omenagem ao agá. Hestá hescrito desta maneira para que o agá sobressaia, para que ganhe himportância, para que verifiquem que um agá no sítio certo faz toda a diferença, que um agá no sítio errado torna as palavras hesquisitas, sem lógica, sem sentido. Não desprezem o agá, não menosprezem o agá. Apesar de ser hapenas uma consoante muda, hela faz toda a diferença.
Nota: consta que quando o halfabeto latino chegou a Portugal, todas as letras se hapresentaram, dizendo ho seu nome na nova língua. No entanto, quando chegou a vez do agá, a pobre letra muda nada disse. Depois de um momento constrangedor, foi o seu vizinho g que se chegou há frente, e tentou com halgum hesforço dizer hum houtro nome, hum que as pessoas distinguissem do seu próprio nome. Foi hassim que o h se passou a chamar agá.
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