09 dezembro 2009

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A partir de hoje este blog tem Tags. As tags são um bocadinho não-convencionais, mas são minhas, por isso...

07 dezembro 2009

A tridimensionalidade dos nossos problemas

Compreender os nossos problemas é como passar de um universo a 2D para um universo a 3D.

Eu explico.

Neste momento nós percebemos o mundo a três dimensões espaciais (mais a dimensão temporal). Mas imaginem o que seria se só víssemos duas dessas dimensões. Então tudo o que veríamos era um plano, como a superfície de uma folha de papel de dimensões infinitas. Apesar de vermos apenas duas dimensões a terceira dimensão continuava a existir, pelo que poderíamos observar fenómenos sem perceber inteiramente o que se estava a passar. Por exemplo, veríamos de repente um círculo formar-se e aumentar de tamanho, para depois voltar a diminuir e por fim desaparecer. Todos pensaríamos que era simplesmente um círculo que aumentava e diminuia, quando na realidade era uma esfera que passava através do nosso plano visível.

As pessoas vêem os problemas dos outros a duas dimensões. Os nossos problemas são tridimensionais, mas os outros vêem apenas uma pequena parte dos mesmos. É quando os problemas nos acontecem a nós que conseguimos ver a sua terceira dimensão. É nessa altura que conseguimos ver uma imensa escala de cinzentos onde os outros só vêem o preto e o branco. A terceira dimensão advém da própria complexidade dos problemas, das múltiplas consequências que as nossas decisões acarretam, do facto de cada problema ter mais que uma solução e nenhuma delas ser inteiramente satisfatória. Para quem vê a 2D só há duas soluções para o nosso problema, o caminho da direita ou o caminho da esquerda, mas nós sabemos que também podemos ir para cima ou para baixo, ou mesmo na diagonal.

Quase ninguém compreende os nossos problemas. Experimentem explicar a uma pessoa que vê a 2D que o Universo tem três dimensões e não apenas duas. Não conseguirão perceber, nunca o viram, não têm capacidade para isso. Tentem explicar-lhes o que é uma esfera e eles dirão "ah, o círculo que aumenta e diminui de tamanho, porque é que não lhe chamaste logo isso?". Não pensem que é totalmente inútil explicar a tridimensionalidade a uma pessoa que vê a 2D, algumas delas tentarão perceber, teorizarão que a terceira dimensão existe, tentarão imaginá-la nas suas mentes. Mas nunca conseguirão ver a terceira dimensão como nós a vemos.

Existem duas excepções a esta regra, dois grupos de pessoas que conseguem perceber, total ou parcialmente a complexidade dos nossos problemas. O primeiro grupo é o das pessoas que têm ou tiveram problemas semelhantes. Eles, que vêem a terceira dimensão dos seus próprios problemas, conseguem facilmente imaginar como são os nossos. No entanto, a sua resolução parecer-lhes-á tão confusa como nos parece a nós. O segundo grupo é o das pessoas que se dedicam a estudar os nossos problemas e tem uma ideia bastante boa da forma tridimensional que eles possuem. Este grupo nunca viu a terceira dimensão dos nossos problemas, mas conseguiu simulá-la em computador, transformá-la em algo que conseguem ver e usar o computador para procurar a melhor solução.