22 julho 2010

Não percebi...

Esta também vai para a categoria das coisas particularmente irritantes. Como coisa particularmente irritante, é muito grande para meter no Facebook, e terrivelmente enorme para o Twitter, por isso vai para o blog. Como artigo do blog, é no entanto pequenino, para não vos maçar muito.

Eu (acho que) devo ter um problema qualquer de audição, por isso isto acontece-me com alguma frequência:

- João, faz-me um favor, vai ao meu carro, abre o porta-luvas e traz-me o grpdhgl que lá deve estar.
- Trago o quê?
- Vais ao meu carro, levas a chave, abres o porta-luvas e deve lá estar o gfohijçdl, depois trazes-mo.
- Desculpa, não percebi.
- Ó homem, VAIS AO MEU CARRO, ABRes o porta-luvas e tiras de lá o gasdjasjg!!!!
- MAS TIRO O QUÊ????
- OS ÓCULOS!
- AAAAAHHHH!

Porque é que sempre que pedimos para repetir uma frase, repetem-na toda desde o início, quando é sempre a última parte da frase que não percebemos? Eu diria que em 95% das vezes que pedimos para repetir uma frase, é porque não percebemos a última ou uma das últimas palavras. Quase sempre, a mais importante, a que dá o contexto ao resto da frase. E no entanto, quando pedimos para repetir, repetem-na sempre toda desde o início, e quando chegam à parte que não percebemos, da qual estamos ansiosamente à espera, dizem-na exactamente da mesma maneira, de forma que não a percebemos novamente.

Reparem, se eu não percebesse o início da frase, interrompia-a logo no início. Se eu não percebesse o fim, mas a parte que não tivesse percebido não fosse importante, ignorava-a. A parte que peço para repetir é sempre a última, é sempre a mais importante. Da próxima vez, por favor façam antes isto.

- João, faz-me um favor, vai ao meu carro, abre o porta-luvas e traz-me o grpdhgl que lá deve estar.
- Trago o quê?
- Os óculos.

É difícil?